Sex, 05 de Abril de 2013 09:13 por: cnbb
Dom Luiz Demétrio Valentini
Bispo de Jales (SP)
Bispo de Jales (SP)
Desde a tradição hebraica, passando
pela tradição cristã, a páscoa é a festa central de cada ano. De tal modo que,
celebrada a páscoa, o ano fica abençoado, bem encomendado, pela maneira como a
páscoa foi celebrada.
Desta vez, tivemos uma páscoa bem
incrementada, pelos surpreendentes episódios ligados ao processo da sucessão no
Vaticano, que culminaram com a eleição do Papa Francisco.
Pois bem, se a páscoa foi muito marcada
por estes episódios, o ano todo vai levar a marca deste início de pontificado,
que começou suscitando tantas esperanças. Depois das demonstrações iniciais,
sinalizando as intenções do novo papa, as expectativas começam a se voltar para
as primeiras medidas concretas, que indiquem a efetivação da retomada da
renovação eclesial, que continua tendo como referência ampla as propostas
apresentadas no Concílio Vaticano II.
Não há dúvida, que o pontificado do
Papa Francisco inaugurou um novo período na vida da Igreja. Um novo clima foi
instaurado. Está bem fundada a confiança que o novo papa inspirou, de presidir
na caridade a comunhão eclesial, a partir da Diocese de Roma. São
intenções generosas, que poderão encontrar facilmente formas de se realizar, e
assim ir consolidando avanços significativos na empreitada de colocar novamente
a Igreja em renovação e em estado de missão.
Neste contexto, a própria Assembleia
Geral da CNBB, que começa nesta semana, será certamente influenciada pelo clima
de início de pontificado. Já o fato dos bispos partilharem suas impressões
sobre o novo Papa oferecerá assunto para muitas conversas pessoais, que
certamente marcarão também as intervenções públicas sobre os diversos temas da
Assembleia.
Por isto, sem acrescentar nenhum
assunto novo na agenda da Assembleia, todos os assuntos serão situados no
contexto do novo momento vivido pela Igreja.
Acresce outro detalhe importante. Está
confirmada a vinda do Papa Francisco ao Rio de Janeiro, no próximo mês de
julho. Se antes este “encontro mundial do Papa com os jovens” já contava com
uma expectativa de grande presença, e de ampla repercussão mundial, mais ainda
agora com a prometida presença do Papa que se tornou centro de atenção da
mídia. Está garantida a ampla repercussão deste evento, que contará com
as últimas providências de sua organização nesta Assembleia da CNBB.
Ao garantir que vinha para o Rio de
Janeiro em julho, o Papa Francisco avisou que pretende ir a Aparecida. Será
mais um gesto, que se acrescentará a tantos outros, de apreço pela devoção a
Maria.
Mas a ida dele a Aparecida possuiu
outro ingrediente muito significativo. Foi em Aparecida que se realizou
recentemente a Quinta Conferência Geral do Episcopado Latino Americano. Nesta
Conferência, ele foi o coordenador da equipe de redação do documento oficial.
Para o Papa Francisco, ir para
Aparecida é assumir a identidade da Igreja Latino Americana. É valorizar sua
caminhada pastoral, marcada pela generosa recepção do Concílio, como ficou
demonstrado pela Conferência de Medellín em 1968, cujo espírito foi retomado na
Conferência de Aparecida.
Portanto, esta viagem do Papa ao Brasil
ainda se insere dentro da apresentação da “plataforma” do seu pontificado,
olhado com muito interesse pelas Igrejas de outros continentes, que agora
aguardam a contribuição da Igreja que deu o novo Papa.
Por tudo isto, a Páscoa deste ano
injetou novos ingredientes, que precisam de tempo para serem assimilados.
Este ano ainda promete.
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