Seg, 01 de Abril de 2013 09:12 por: cnbb
Dom Anuar Battisti
Arcebispo de Maringá (PR)
Arcebispo de Maringá (PR)
O evangelista João começa a narrativa
do túmulo vazio na madrugada do primeiro dia da semana, dizendo: “No primeiro
dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus bem de madrugada, quando
ainda estava escuro, e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo. Correu
então e foi ter com Simão Pedro e com o discípulo amado e disse-lhes: Levaram o
Senhor do túmulo e não sabemos onde o puseram” (Jo.20,1-2).
Naquela madrugada Maria Madalena fez e
experiência do vazio.
Nem mesmo o cadáver do Senhor Jesus estava ali. Nada
restava para fazer o luto. Como é doloroso a morte de um ente querido quando
seu corpo desapareceu, onde não existe túmulo para ir em homenagem. Quantas
Madalenas, quantos Pedros e Joãos ainda hoje vivem a mesma experiência.
Aquele coração de mulher, transpassado
pela dor, nunca imaginaria que se tratava de ressurreição. Era o primeiro dia
da semana, um novo dia, um novo tempo, uma nova vida começava a existir fora do
túmulo.
O Homem novo iniciava a sua existência
constatado por uma mulher que vai sozinha, na madrugada, no escuro. Foi ela que
fez Pedro e João correrem para testemunhar que o túmulo estava vazio e os
lençóis dobrados. Dois sinais apenas: o túmulo e os lençóis. Caminho de perda e
de silêncio, nenhuma explicação, só o tempo vai dar razões para continuar
vivendo.
A comunidade começa a acreditar na
notícia depois do testemunho, da mulher e dos discípulos. Tudo começa no escuro
da madrugada, do nascer de um novo dia. No caminho da vida, as noites escuras
podem oferecer um novo caminho. As trevas não são só causa de domínio do mal,
são oportunidades de ver a luz de maneira nova, ver de novo que tudo pode ter
um recomeço mesmo sem saber como será.
A pergunta que certamente cruzava a
mente e o coração daqueles homens e mulheres era: O que faremos agora depois
que perdemos o Mestre?
Na medida em que a comunidade se une
para buscar uma saída, aparece Jesus, e o povo começa a entender que Jesus
devia ressuscitar dos mortos.
A experiência do ressuscitado não
acontece automaticamente. Não se torna algo compreensível de imediato. Tudo
será entendido na medida em que juntos buscam uma luz.
Mesmo sem a presença de todos, ali se
manifesta o Senhor, o Mestre, Aquele que sopra sobre Ele o Espírito da vida, do
entusiasmo, da alegria, dissipando o medo. “Não tenhais medo! Sou eu que falo
com vocês”. O sopro do Espírito abre a mente e o coração e faz cantar : Aleluia
o Senhor ressuscitou! Ele está vivo. Aleluia! Desde aquela madrugada escura e
fria, a notícia é sempre a mesma: “O túmulo está vazio, só ficou o lençol
dobrado. A vida venceu a morte! Eu também vou vencer e contemplar o túmulo da
minha vida, vazio das minhas misérias, e recomeçar um caminho novo na direção
do céu, da verdadeira vida. Assim a Páscoa (passagem) não será um dia e sim um
propósito de vida.
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