segunda-feira, 1 de abril de 2013

A violência não tem futuro


Seg, 01 de Abril de 2013 08:55 por: cnbb

Dom Pedro Carlos Cipolini
Bispo de Amparo (SP)

Um dos grandes pensadores contemporâneos, René Girard, escreve a respeito da morte violenta de Jesus: “Uma vez mais encontramo-nos numa grande crise, e ela terminará pela execução coletiva de um novo enviado de Deus, Jesus. Essa morte violenta será, para Iahweh, a ocasião de uma nova e suprema revelação” (cf. R. Girard in Eu via Satanás cair como um relâmpago, Paz e Terra, 2012,p.57). René Girard analisa três momentos no drama da humanidade mergulhada na violência; a crise, a violência coletiva e a epifania divina. Assim
a morte de Jesus foi um momento de irrupção de Deus na humanidade para revelar-se. E como Deus se revelou em Jesus morto na Cruz?
Ele se revelou como vencedor da morte e da violência que domina o mundo, e que parece não ter solução. Jesus com sua pregação instala a crise do Reino de Deus, ou seja, ele propõe um novo modo de vida, um novo modo de construir as relações humanas com base no amor-serviço. A violenta rejeição que ele sofre, é ocasião da revelação total do amor de Deus. Amor que ao fim e ao cabo da história humana, vencerá. O amor pode tudo, o amor jamais passará.
Sem entrar por este caminho aberto por Jesus a humanidade se debate numa busca equivocada por liberdade. Vejamos o caso do esforço para legalizar o aborto. Enquanto a maioria da população brasileira é contra, grupos poderosos, inclusive de médicos, se esforçam para aprovar o aborto legal. Isto libertará a mulher ou a colocará em um outro abismo? É sabido o impacto negativo, deletério do aborto sobre a saúde mental da mulher que o praticou. Ele é uma violência única contra inocentes que tem direito à vida, e que já tem o código genético pronto para desenvolver-se: é um ser humano indefeso, abrigado no útero materno.
A ressurreição de Jesus abre uma outra perspectiva para a alternativa ao universo de violência, no qual se debate a humanidade. “Jesus saiu ao seu encontro e lhes disse: Alegrai-vos! Elas se aproximaram, abraçaram seus pés e se prostraram diante dele. Jesus lhes disse: Não temais; ide avisar meus irmãos” ( Mt 28,8-10).
A história de Jesus, humanamente falando, sem a ressurreição é a história de um fracasso. Até mesmo no momento da última ceia, enquanto Jesus falava do amor e do serviço ao próximo, os discípulos discutiam quem seria o maior (cf Lc 22,24). Porém, tudo o que Jesus fez foi por amor e o amor é mais forte que a morte, por isso, o Filho de Deus feito homem, ao defrontar-se com a morte, investe sobre ela com um amor infinito que a derrota. A vida vence a morte, o amor vence o ódio e a inveja. Jesus é o vencedor vencido capaz de libertar.
Alegria, coragem e perdão, estas palavras resumem a mensagem da Páscoa. Indicam a nova criação que Deus inicia com Jesus. Com a vitória de Jesus Cristo, todos que o seguem se tornam capazes de vencer a violência e a morte dia após dia, até a vitória final.

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