Seg, 21
de Outubro de 2013 14:54 cnbb
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo (SP)
Arcebispo de São Paulo (SP)
O Domingo das Missões, no Ano da Fé, recorda-nos
que a verdadeira obra missionária da Igreja é fruto da fé: o desejo de anunciar
e de partilhar a experiência gratificante da fé nasce da alegria de crer e da
consciência sobre a preciosidade do dom recebido, que não deve ser escondido
nem conservado somente para si. Eis o motivo porque no esforço da nova
evangelização, a Igreja convidou a todos os seus filhos a celebrarem o Ano da
Fé. Sem refazer-se na origem da fé, que é o encontro com Deus por meio de Jesus
Cristo, não haverá ardor missionário nem renovação da Igreja. Na linguagem da
Conferência de Aparecida, isso significa que, para ser missionários, é preciso,
antes de tudo, ser discípulos.
Recentemente, na audiência concedida aos membros do
Pontifício Conselho para a promoção da Nova Evangelização, o papa Francisco
resumiu em três pontos as necessidades mais prementes da nova evangelização: o
primado do testemunho, a urgência de ir ao encontro dos outros e um projeto
pastoral centrado no essencial.
O anúncio do Evangelho é confrontado hoje, muitas
vezes, com a indiferença de quem já não lhe dá importância e não tem interesse
em ouvi-lo. Como despertar nos corações um renovado interesse pela mensagem da
salvação? Aqui entra o papel do testemunho de quem crê. É muito importante que
os cristãos mostrem a sua fé através de convicções firmes, da vida coerente com
ela, da alegria e da serenidade que ela traz. Mostrem, por outro lado, que a fé
muda a pessoa para melhor e a torna humanamente rica de virtudes.
Esse testemunho fará com que outras pessoas se
interroguem sobre as razões da fé, da alegria, da luz e da fortaleza que ela
traz; a fé não livra magicamente de todos os problemas, mas oferece vigor e
compreensão nova para as várias situações da vida, mesmo dos sofrimentos. A fé
traz consigo a esperança revigorante e a caridade operosa. Hoje, como no
passado, esses testemunhas fidedignos da fé são muito necessários para atrair
para Jesus Cristo e para a beleza do encontro com Deus!
A nova evangelização também é a renovada busca do
encontro com quem perdeu a fé e o sentido profundo da vida. Isso faz parte da
própria razão de ser da Igreja: o Filho saiu do Pai e veio ao mundo, ao
encontro da humanidade, para lhes trazer a vida; da mesma forma, ele enviou os
discípulos ao encontro de todos os povos para lhes levar a Boa Nova da
salvação. Cada cristão, fiel a Cristo, também tem a vocação de ir ao encontro
dos outros, de dialogar com quem pensa diversamente de nós, ou que perdeu a fé.
Ninguém está excluído da esperança, da vida e do
amor de Deus. A Igreja é enviada ao mundo para levar a todos esta
esperança,especialmente a quem está sufocado por condições de vida adversas e,
por vezes, desumanas. Em toda parte, faz falta o “oxigênio do Evangelho”, o
sopro do Espírito de Cristo ressuscitado, que reacende a fé e a esperança nos
corações. Disse o papa Francisco: “a Igreja é a casa onde as portas estão
sempre abertas, não apenas para que cada um entre, encontre acolhida e possa
respirar amor e esperança, mas também para que nós possamos sair e levar aos
outros esse amor e essa esperança; o Espírito Santo nos impele a sair do nosso
recinto e a nos conduz às periferias da humanidade”.
Isso, porém, não se improvisa, mas requer o esforço
comum de um projeto pastoral voltado para o essencial e que seja centrado no
essência, ou seja, em Jesus Cristo. “Não devemos nos perder em tantas coisas
secundárias e supérfluas, mas é preciso concentrar-se sobre a realidade
fundamental, que é o encontro com Cristo e a sua misericórdia e seu amor, e com
o amor aos irmãos (cf. L’Osservatore Romano, ed de 14/15.10.2013)
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