FONTE:
CNBB (Quinta, 24 Abril 2014 16:06)
Dom Canísio Klaus
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)
O tratamento normal dado aos papas é “sua
santidade”. As palavras expressam o desejo latente no coração das pessoas de
que o Papa seja santo. Mesmo assim, sabemos que, enquanto continua na terra, o
papa também é pecador. Como qualquer outra pessoa, ele é santo e pecador. Mais
do que o comum das pessoas, no entanto, ele busca a santidade como projeto para
a sua vida pessoal. É o que testemunha o postulador da causa da canonização de
João XXIII, Padre Califano: “a santidade era um objetivo que Roncalli cultivava
em qualquer época da vida, como padre, bispo e papa”, assumido como seminarista
aos 15 anos de idade e renovado anualmente, inclusive quando já era papa (Rádio
Vaticano). Algo parecido se diz de João Paulo II, que como estudante já tinha
fama de santidade e que em suas pregações repetia que “a tarefa da igreja é
evangelizar e levar todos à santidade”.
No dia 27 de abril, domingo da Divina Misericórdia,
Sua Santidade o Papa Francisco irá presidir a cerimônia de canonização destes
dois papas que buscaram a santidade desde a sua juventude. A partir deste dia,
eles poderão ser invocados como santos protetores da Igreja, de comunidades,
famílias e pessoas devotas. Eles irão se somar a São José de Anchieta e a
outras milhares de pessoas que já receberam o título de santos e santas ao
longo da história da Igreja.
O dia escolhido para a cerimônia de canonização
coincide com o domingo da Divina Misericórdia. Lembro que a festa foi
instituída por João Paulo II no ano 2000, com o decreto de que a partir de
então o segundo domingo da Páscoa fosse comemorado como o Domingo da Divina
Misericórdia. Antes disso, em 1980, João Paulo II já havia escrita a carta
encíclica sobre a misericórdia divina – Dives in Misericordia – na qual afirma
que “a Igreja deve considerar como um dos seus principais deveres o de
proclamar e introduzir na vida o mistério da misericórdia, revelado no seu grau
mais elevado em Jesus Cristo” (n. 14).
A canonização de João XXIII e João Paulo II colocam
em destaque duas virtudes importantes na vida do cristão e duas características
do Deus revelado nas Sagradas Escrituras: a bondade e a misericórdia. Deus é
bom e misericordioso. A constatação foi feita por Moisés (Êxodo 34,6): “Deus é
compassivo e misericordioso, lento para a cólera e cheio de bondade e
fidelidade”.
João XXIII passou para a história como o Papa Bom e
que revelou a face materna de Deus em sua vida e em seus ensinamentos. João
Paulo II se destacou pela ênfase dada ao Deus da Misericórdia. Nós, os
cristãos, precisamos cultivar a bondade e a misericórdia, ao mesmo tempo em que
adoramos o Deus bondoso e misericordioso.
Que os santos padres os papas João XXIII e João
Paulo II inspirem as lideranças da Igreja a serem bondosas e misericordiosas e
que as comunidades cristãs sejam sempre mais “mães e mestras” que refletem a
misericórdia de Deus, são nossos votos por ocasião da festa da divina
misericórdia e da canonização destes dois grandes servidores da Igreja!
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