FONTE: CNBB
(Quarta, 16 Abril 2014 19:39)
dom Leonardo Steiner
O Domingo de Ramos, 13, abriu solenemente a Semana
Santa, momento significativo na vida da Igreja e dos cristãos. A celebração do
Tríduo Pascal faz memória à paixão, morte e ressurreição de Jesus.
O bispo auxiliar de Brasília (DF) e
secretário geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, explica que as iniciativas
propostas pela CNBB para a Quaresma, como a Campanha da Fraternidade e a Coleta
Nacional de Solidariedade, buscam contribuir para uma experiência maior de fé e
espiritualidade, culminando na Semana Santa. “É um tempo muito preciso, no qual
vamos entrando no mistério da vida, do sofrimento, morte e ressurreição de
Jesus”, explica dom Leonardo.
No caminho da Semana Santa, a Igreja sugere
práticas como a oração, jejum e a caridade. A Paixão Cristo é marcada por ritos
celebrativos que recordam os últimos momentos da vida de Jesus. “A morte e
ressurreição Dele trouxeram novo sentido para todo o universo. Não apenas para
cada um de nós, mas perpassou todo a obra da criação. Queremos caminhar com
Jesus nas estações da dor, do sofrimento, morte e, assim vislumbrar a grandeza
da vida nova a qual Ele nos conduz”, acrescenta.
Tempo de esperança
O Tríduo Pascal é constituído por diferentes rito
litúrgicos, mas compreendendo única celebração. O bispo da diocese de Nossa
Senhora do Livramento (BA) e presidente da Comissão para a Liturgia da CNBB,
dom Armando Bucciol, explica que do ponto de vista celebrativo, o tríduo inicia
na Quinta-feira Santa e encerra com a Vigília Pascal, quando os fiéis recebem a
bênção. Para o bispo, o fato principal da Semana Santa deve ser a alegria
pascal que, antes de tudo, deve integrar a vida e a liturgia do povo
cristão.
“É momento de entrarmos de maneira mais profunda no
sentido de seguir a Jesus morto e ressuscitado. Mas a participação na morte de
Cristo, não se compreende sem a ressurreição. Portanto, é uma dor iluminada
pela força de Deus. É uma esperança que antes de tudo compenetra o ser e o
viver do cristão”, comenta dom Armando.
Para viver o Tríduo Pascal, dom Armando aconselha
participar intensamente das celebrações, como um grande retiro espiritual, em
comunhão com a Igreja e a comunidade local. “Viver essa semana como momento forte
para repensar a própria fé, colocando-se diante de Jesus que doou a sua vida
numa atitude de abertura de amor. Tenho certeza, que então, a nossa Páscoa terá
o sentido pleno”, afirma.
“Ressuscitou como disse”
Dom
Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo
de Belém do Pará
Somos uma imensa
nação constituída pela fé em Jesus Cristo morto e ressuscitado, homens e
mulheres espalhados por todo o mundo, convocados a testemunhar sua presença
salvadora a todos, certos de que este anúncio é portador de vida e de
esperança. Nos anos de sua vida pública, o Senhor Jesus semeou esta esperança
nos muitos encontros com as pessoas, como sinal da sua vitória sobre o pecado e
a morte. Ninguém passou em vão ao seu lado! Aos seus discípulos, mesmo quando
tinham a visão obscurecida, o Senhor anunciou-lhes o seu mistério de morte e
ressurreição. E sua palavra se cumpriu: Jesus Cristo ressuscitou, como havia
dito!
No correr dos
séculos, este anúncio chega às sucessivas gerações através do testemunho. A
averiguação científica, no sentido frio que a caracteriza, não é suficiente
para crer! Trata-se de uma moção da liberdade, que traz consigo o risco, em que
a pessoa aposta, antes de tudo, na honestidade e na seriedade de quem diz
"Jesus ressuscitou". É uma experiência semelhante ao acreditar no
amor dos outros. Pode-se fazer mil observações, mas o passo decisivo será dado
pela liberdade de quem se arrisca. Quem diz "Eu creio" torna-se, por
sua vez, anunciador da mesma verdade. E o resultado é que, até o dia da volta
do Senhor, no final dos tempos, a mesma força transformadora da Ressurreição de
Cristo se atualiza e produz seus frutos.
Queremos celebrar
a Páscoa de Jesus Cristo mais uma vez. Nas últimas semanas, a Igreja propôs um
caminho de conversão que, de certa maneira, antecipou o que se quer viver na
Páscoa. É uma vida nova, na superação do pecado e da maldade. Quem se reconhece
frágil e pecador, diante do Senhor Jesus Cristo, não teme aproximar-se do trono
da graça, mas experimenta o acolhimento da misericórdia e do perdão. Páscoa é a
alegria da conversão a Jesus Cristo!
Celebrar a Páscoa
é deixar-se iluminar por Jesus Cristo. Na Vigília Pascal, o Rito da Luz
expressa tal disposição. A escuridão da noite é vencida pelo fogo novo, sinal
do Resuscitado: "Eis a luz de Cristo!" Graças a Deus, porque a
esperança se acende no coração de todos os homens e mulheres. "Esta noite
lava todo crime, liberta o pecador dos seus grilhões; dissipa o ódio e dobra os
poderosos, enche de luz e paz os corações. Na graça desta noite o vosso povo
acende um sacrifício de louvor; acolhei, ó Pai santo, o fogo novo; não perde,
ao dividir-se, o seu fulgor". Assim proclama a Igreja na Páscoa.
Celebrar a Páscoa
é fazer a memória dos feitos de Deus. Por isso as celebrações pascais são
abundantes na proclamação da Palavra do Senhor. É costume passar algumas hora
em oração - Vigília - de sábado para domingo, na Páscoa, ouvindo os passos
principais da história da salvação. Atualizam-se palavras que iluminavam as
celebrações pascais no Antigo Testamento: "Quando vossos filhos vos
perguntarem: ‘Que significa este rito?’ respondereis: ‘É o sacrifício da Páscoa
do Senhor, que passou ao lado das casas dos israelitas no Egito, quando feriu
os egípcios e salvou as nossas casas’” (Ex 12, 26-27). “Quando amanhã teu filho
te perguntar: ‘Que significam estes mandamentos, estas leis e estes decretos
que o Senhor nosso Deus vos prescreveu?’ então lhe responderás: ‘Nós éramos
escravos do Faraó no Egito, e o Senhor nos tirou do Egito com mão poderosa. O
Senhor fez à nossa vista grandes sinais e prodígios terríveis contra o Egito,
contra o Faraó e contra toda a sua casa. Ele nos tirou de lá para nos conduzir
à terra que havia jurado dar a nossos pais. O Senhor mandou que cumpríssemos
todas essas leis e temêssemos o Senhor nosso Deus, para que fôssemos sempre
felizes, e ele nos conservasse vivos, como o fez até hoje. Seremos justos se
guardarmos estes mandamentos e os observarmos diante do Senhor nosso Deus, como
ele nos ordenou’” (Dt 6, 20-25). Páscoa é memória cheia de gratidão!
Celebrar a Páscoa
é renovar a graça do Batismo. A liturgia da Igreja é feita para louvar a Deus e
santificar os fiéis. Todo o caminho quaresmal percorrido pelos cristãos os
conduz à noite pascal quando, acompanhando os que nela são batizados, todos
renunciam ao pecado e ao demônio e professam a fé: Creio em Deus, Pai e Filho e
Espírito Santo! Creio na Igreja, na Ressurreição da Carne, na Remissão dos
pecados, na Vida Eterna! Velas acesas no Círio Pascal expressem a mesma vida
recebida no dia do Batismo. Depois, a mesma água, sinal da vida no Batismo, é
aspergida sobre o povo de Deus reunido: "Banhados em Cristo, somos uma
nova criatura. As coisas antigas já se passaram, somos nascidos de novo.
Aleluia" (Canto da Liturgia Pascal).
Celebrar a Páscoa
é participar da Ceia do Senhor, onde o verdadeiro Cordeiro Pascal, Nosso Senhor
Jesus Cristo, é dado em alimento na Santa Eucaristia. Páscoa é Comunhão Pascal,
vivida de forma profunda e participada, deixando para trás os ressentimentos,
ódios e rancores, abrindo-se para que as marcas do pecado sejam superadas.
Celebrar a Páscoa
é viver de forma diferente: "Pelo batismo fomos sepultados com ele na
morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dos mortos pela ação gloriosa do
Pai, assim também nós vivamos uma vida nova. Pois, se fomos, de certo modo,
identificados a ele por uma morte semelhante à sua, seremos semelhantes a ele
também pela ressurreição. Sabemos que o nosso homem velho foi crucificado com
Cristo, para que seja destruído o corpo sujeito ao pecado, de maneira a não
mais servirmos ao pecado. Pois aquele que morreu está livre do pecado. E, se já
morremos com Cristo, cremos que também viveremos com ele. Sabemos que Cristo,
ressuscitado dos mortos, não morre mais. A morte não tem mais poder sobre ele.
Pois aquele que morreu, morreu para o pecado, uma vez por todas, e aquele que
vive, vive para Deus. Assim, vós também, considerai-vos mortos para o pecado e
vivos para Deus, no Cristo Jesus" (Rm 6, 4-10). A palavra de São Paulo é
um roteiro precioso para viver a Páscoa! Celebremos, pois, a festa, com os pães
ázimos da sinceridade e da verdade! (Cf. 1 Cor 5,8)
Nossos votos de
Páscoa cheguem a todos os irmãos e irmãs, com o convite a nos tornarmos sinais
de vida nova. Há muita gente que espera o sinal de uma vida diferente da parte
dos cristãos. Há um clamor pelo testemunho mais ativo nas estruturas do mundo,
no compromisso com os valores do Evangelho, com a dignidade da vida humana e a
verdade. Cabe-nos dar uma resposta corajosa e alegre, para que o facho luminoso
do aleluia pascal continue a percorrer as estradas do mundo, através de nossa
geração.
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