Qui, 23
de Maio de 2013 11:06 por: cnbb
Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)
Arcebispo de Montes Claros (MG)
Parece divergente, no contexto da subjetividade
exacerbada, falar-se e viver em comunhão. De fato, mesmo na convivência
familiar há pessoas que vivem juntas fisicamente mas separadas na prática. Há
até o olhar de todos para o mesmo objetivo, por exemplo, a televisão, mas, não
há interação de uns para com os outros. Isso pode acontecer na convivência
religiosa, profissional e em outras.
É evidente a busca de conforto e bem estar na vida.
Isso, regulado com valores do amor, da fraternidade, da ética, da justiça e do
dever é legítimo. Quando, no entanto, se descuram esses, há o
autoensimesmamento com a prática do egocentrismo.
O amor divino é como o oceano infindável de
sustentação do amor humano. As pessoas de Deus estão em comunhão, a ponto de
uma não agir uma sem a outra e viverem num relacionamento entre si,
produzindo vitalidade para fora de si, na sua interação com toda a obra
externa originada com seu ato de amor. Toda a criação é obra do amor das três
pessoas divinas. Nós, humanos, frutos desse amor, somente nos realizamos
plenamente quando também focalizamos o amor divino no nosso relacionamento de
humanos. Caso contrário, fechamo-nos em nós mesmos e não somos capazes de
encontrar a razão de nossa existência.
Nossa autossuficiência, mesmo dentro da
racionalidade e do desenvolvimento da ciência, não nos dá a força adequada para
superarmos nossos limites. Quando unimos nossas forças humanas, com todo o seu
desenvolvimento e com o amor advindo de Deus, encontramos a superação de nossas
fragilidades. Isso torna frutuoso nosso esforço de amor, a ponto de percebermos
que o desafio da vida humana, mesmo com a morte física, tem superação. Para
tanto, é preciso pautar a caminhada terrena com o seguimento ao Filho.
Na prática da caminhada vamos aprendendo com o
Mestre a darmos de nós, na vida fraterna, para criarmos condição de verdadeira
comunhão de esforços para a promoção do bem comum. A vida em comunidade
familiar, religiosa e profissional nos faz preocupar uns com os outros. Isso
ser torna uma verdadeira preocupação com a inclusão justa de todos na vida
autenticamente humana. Formar ou educar a pessoa humana, desde a tenra idade,
para a cidadania, é fundamental para fazermos a caminhada terrestre cheia de
realização para cada um. Teremos pessoas mais solidárias, formadas com a
consciência de justiça, sabendo escolher as lideranças, especialmente políticas
para o ideal de servir, com caráter e espírito realmente fraterno.
Como imagem e semelhança de Deus o ser humano se
preocupará mais no cuidado para com a vida digna para todos e com o planeta
terra. Como é bom viver para dar vida, aproveitando o dom da vida outorgada
pelas pessoas divinas a cada um! Assim se vive com a sabedoria divina: “Eu
estava a seu lado como mestre de obras; eu era seu encanto, dia após dia...
alegrando-me em estar com os filhos dos homens” (Provérbios 8,
30.31).
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