A LITURGIA - SACROSSANCTUM CONCILIUM (2)
1. Um sinal de renovação da Igreja. As novidades colocadas pelo primeiro documento do Concílio
Vaticano II (1962-1965), a Constituição Dogmática Sacrosanctum Concilium, sobre
a Liturgia (04/12/1963), apontavam para uma profunda reforma da liturgia e
sinalizavam o caminho que o Concílio percorreria em seus próximos estudos,
diálogos e textos, e que a renovação da Igreja viveria dali em diante.
2. A importância renovadora da Sacrossanctum Concilium. Na verdade, é a liturgia, que
mais atinge, de modo direto e
abrangente, a vida dos católicos. Reformular e renovar o culto a Deus e aos
santos, a compreensão e celebração dos sacramentos e a vida de oração, mexem
direto com a vida de todos na Igreja. Através de um retorno histórico-teológico
às fontes dos ritos litúrgicos e de simplificá-los, o Concílio quis que os
católicos todos tivessem a melhor compreensão possível da liturgia e nela
tivessem participação ativa. Pode-se dizer que, face ao estilo de celebrações
litúrgicas em uso desde o Concílio de Trento (1545-1563), rígido, formal, em
latim e distanciado do povo, a reforma e renovação da liturgia causaram um
impacto impressionante.
3. Ensino doutrinal de máxima importância. Mais que um documento de reforma programática da Liturgia, o
objetivo era, em primeiro lugar, fazer um redimensionamento doutrinal e
pastoral da Liturgia. O óbvio, por tantos séculos sem destaque, ocupou o
primeiro lugar: no centro da liturgia está o mistério pascal (n. 5-13). Óbvio
porque a missão essencial da Igreja é anunciar a salvação, trazida por Jesus
Cristo a todos os homens e mulheres. Operada pela morte e a ressurreição do
Cristo, essa salvação se torna atual e inserida na vida de cada ser humano e da
Igreja ao longo da história pelos ritos litúrgicos, especialmente dos
sacramentos e da celebração da Palavra de Deus. O Concílio definiu que a
liturgia é a “fonte” e o “cume” da vida da Igreja (n. 10). E explicita algo
inédito na época: na liturgia, Cristo se torna presente na liturgia de muitas
maneiras: não apenas nos sacramentos, em particular sob as espécies
eucarísticas, e no seu celebrante – in persona Christi –, mas também na Palavra
de Deus, lida, recebida e assimilada na fé, assim como na assembleia dos fiéis
que ora em seu nome (n. 7). Era uma revolução na Igreja Católica.
4. A participação dos fiéis. Da Sacrossanctum Concilium em diante os documentos do Concílio
martelam de que é essencial a participação dos fiéis em tudo na vida da Igreja,
até ali excessivamente clerical (n. 48). Já se anunciava, portanto, a
eclesiologia de comunhão da Constituição sobre a Igreja (a Lumen Gentium). Em
virtude do sacerdócio dos batizados, todos participam plenamente da ação comum
que é de Cristo e da Igreja (n. 28). E, para isso, é introduzido o uso da
língua da cada povo e se pede a renovação da homilia, da música sacra, do
canto, dos ritos e autoriza-se a concelebração (n. 57).
nery.israel@lasalle.org.br
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