Sex, 23 de Novembro de 2012 10:36 por: cnbb
Dom Pedro José Conti
Bispo de Macapá
Bispo de Macapá
Tem muitas histórias sobre Jesus que ficaram
fora dos evangelhos aceitos pela Igreja. Uma delas conta que certo dia, quando
Jesus caminhava na beira do mar da Galiléia, um discípulo aproximou-se dele e
lhe perguntou:...
- Senhor, como posso alcançar a Deus?
Jesus entrou na água com o discípulo e
o empurrou completamente para baixo dela por bastante tempo, segurando a sua
cabeça. Quando, enfim, o deixou emergir, perguntou-lhe:
- O que você experimentou?
- Senti a minha vida ir embora. Meu
coração começou a bater em disparada. Eu estava louco para respirar e fugir
dali.
Então o Senhor lhe disse:
- Você verá o Pai quando quiser isso
com a mesma intensidade e força com a qual você desejou respirar e fugir,
quando estava com a cabeça de baixo d’água.
Com o domingo de Cristo Rei encerramos
o ano litúrgico. Mais uma vez, revivemos os grandes eventos da nossa fé: Natal,
Páscoa, Pentecostes, mais as festas de Maria e de tantos outros santos e santas
a começar com São José, padroeiro da nossa Diocese. Em outubro, iniciamos
também o Ano da Fé que se concluirá, exatamente, daqui a um ano, na mesma
ocasião deste domingo.
Após tudo isso, deveríamos poder
avaliar um pouco mais a nossa vida de cristãos. Mudou alguma coisa ao longo
deste ano?
Podemos dizer que conhecemos melhor o
nosso Deus para poder crer e confiar cada vez mais nele?
Ele, nosso Pai, está bem perto de nós.
Quis se fazer conhecer pelas palavras e ações de Jesus, seu Filho, feito homem
como nós, que “viveu em tudo a condição humana, menos o pecado, anunciou aos
pobres a salvação, aos oprimidos, a liberdade, aos tristes, a alegria.” (cf.
Oração Eucarística IV). No entanto sempre tem algo de imprescindível para
podermos nos aproximar mais de Deus: o desejo de encontrá-lo para conhecê-lo
mais! Não é Deus que se esconde ou se afasta de nós, somos nós que o procuramos
pouco e o desejamos menos ainda. Temos muitas atrações neste mundo que motivam
as nossas buscas, os nossos desejos e anseios. Gastamos muito tempo, muitas
energias, forças e inteligência para alcançar as metas almejadas e realizar os
nossos sonhos mais ambiciosos.
Estamos tão atarefados com tudo isso
que, às vezes, acabamos nos esquecendo de Deus: deixamos de procurá-lo. Ele,
porém, não desiste de vir ao nosso encontro porque sempre nos espera, como fez
o Pai da parábola que, de longe, viu o filho querido voltar para casa e correu
para abraçá-lo. Ainda assim, Deus respeita a nossa decisão. Por isso, é muito
difícil encontrar quem não desejamos ou nem procuramos.
Estamos deixando Deus à margem da nossa
vida, como se Ele pudesse atrapalhar os nossos planos. Deveríamos caminhar com
Ele, ou melhor, deveríamos nos deixar conduzir por Ele. Seríamos assim
construtores do seu Reino; conscientes e felizes por colaborar com quem quer a
alegria de todos, porque ama a todos e sempre se deixa encontrar por aqueles
que o buscam de coração sincero.
Já deveríamos ter entendido que o Reino
de Jesus não se compara com os reinos deste mundo, não funciona com as armas do
poder nuclear ou econômico que seja; funciona somente com a força do amor e a
luz da verdade. Assim Jesus falou a Pilatos:
“Todo aquele que é da verdade escuta a
minha voz” (Jo 18,37). É urgente reconhecer esta verdade; não podemos mais
perder tempo. Somente Deus pode satisfazer os sonhos bons, os desejos bonitos e
os grandes projetos verdadeiramente humanos e fraternos que ainda brotam em
nosso coração quando decidimos, uma vez por todas, desistir das nossas
maquinações de poder, de ganância, de opressão e de injustiça. Ainda não
entendemos que esses planos dividem a humanidade, causam as guerras, condenam-nos
a constantes disputas para provar quem é o melhor, mais esperto e mais poderoso
entre nós. Continuam gerando morte, lágrimas e revolta. Quantas vezes
reclamamos que a vida é um sufoco!
Precisamos respirar a plenos pulmões o
ar puro do Reino do Senhor, reino de paz, de bondade e de união. Precisamos
desejar isso com todo o coração, com a mesma intensidade de quando nos falta o
ar que respiramos para viver.
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