Qui, 29 de Novembro de 2012 08:59 por: cnbb
Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Nesta semana participei como
palestrante do XV Encontro de Formação Católica de Buenos Aires – em adesão ao
Ano da Fé – Tradição e Espiritualidade Católica, que ocorreu de 16 a 19 de
novembro. Uma das minhas intervenções foi sobre “A Espiritualidade de Santa
Teresa e a tradição carmelitana”, que se baseia especialmente na oração,
princípio da santidade....
Em sua carta apostólica “Porta Fidei”,
com a qual proclama o Ano da Fé, o Santo Padre Bento XVI fala que “devemos
readquirir o gosto de nos alimentarmos da Palavra de Deus”, objetivo reforçado
pelo Sínodo dos Bispos, cujo tema foi “A Nova Evangelização para a transmissão
da fé cristã”: “descobrir novamente os conteúdos da fé professada, celebrada
vivida e rezada”.
Ao conceder as indulgências para o Ano
da Fé, o decreto da Penitenciaria Apostólica relembra que a Igreja deseja de
nós a santidade: "uma vez que se trata principalmente de desenvolver a
santidade de vida no mais alto grau possível nesta terra, e de conquistar assim
o mais alto grau de pureza da alma, será de muita valia o grande dom das
indulgências...”. Na “Porta Fidei”, o Papa ensina que no Catecismo da Igreja
Católica descobrimos principalmente não uma teoria, mas “o encontro com uma
Pessoa que vive na Igreja. Na verdade, a seguir à profissão de Fé, vem a
explicação da vida sacramental, na qual Cristo está presente e operante,
continuando a construir a sua Igreja. Sem a liturgia e os sacramentos, a
profissão de fé não seria eficaz, porque faltaria a graça que sustenta o
testemunho dos cristãos”.
A santidade depende da fé, e esta
depende da oração, da nossa contínua comunicação com Deus. A oração é a
expressão e o sustento da fé, da espiritualidade, da santidade.
Este foi o ensinamento do Beato João
Paulo II: “Para essa pedagogia da santidade, há a necessidade de um
cristianismo que se destaque principalmente pela arte da oração... A oração não
se pode dar por suposta; é necessário aprender a rezar... ‘Senhor, ensina-nos a
orar’ (Lc 11,1). Na oração, desenrola-se aquele diálogo com Jesus que faz de
nós seus amigos íntimos... Não será porventura um sinal dos tempos que se
verifique hoje, não obstante os vastos processos de secularização, uma
generalizada exigência de espiritualidade, que em grande parte se exprime
precisamente numa renovada carência de oração?... A grande tradição mística da
Igreja, tanto no Oriente como no Ocidente, é bem elucidativa a tal respeito,
mostrando como a oração pode progredir, sob a forma de um verdadeiro e próprio
diálogo de amor... Como não mencionar aqui, entre tantos testemunhos luminosos,
a doutrina de são João da Cruz e de santa Teresa de Ávila? As nossas
comunidades devem tornar-se autênticas escolas de oração, onde o encontro com
Cristo não se exprima apenas em pedidos de ajuda, mas também em ação de graças,
louvor, adoração, contemplação, escuta, afetos de alma, até se chegar a um
coração verdadeiramente apaixonado. Uma oração intensa, mas sem afastar do
compromisso na história: ... abrir o coração ao amor dos irmãos” (Novo
Millennio Inneunte, 32-33).
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