Sex, 23 de Novembro de 2012 09:40 por: POM
Um grupo de bispos e
formadores de seminário reflete a seguinte situação: não dá mais para formar
padres que não sejam missionários. O encontro, que teve início no dia 19 e
encerra...
nesta quinta-feira, 22, acontece no Instituto São Boaventura, em
Brasília. É Organizado pelas Comissões Episcopais Pastorais para os Ministérios
Ordenados e a Vida Consagrada e para Ação Missionária com o apoio das
Pontifícias Obras Missionárias (POM), Centro Cultural Missionário (CCM) e Comissão
para a Amazônia da CNBB.
O ponto de partida da reflexão é o
documento 93 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Diretrizes
para a Formação dos Presbíteros da Igreja no Brasil que exorta os futuros
presbíteros a serem exímios pastores, ou seja, devem saber cuidar do Povo de
Deus. Outra questão em destaque é o cuidado quanto ao equilíbrio das cinco
áreas integradas da formação sacerdotal.
Dom Pedro Brito Guimarães, presidente
da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada e arcebispo de
Palmas (TO), explica o teor da reunião. “Tão importante quanto as dimensões
intelectual, espiritual, humano-afetiva e comunitária, na formação dos futuros
padres, é a pastoral missionária. Porém, esta sempre sofre um desequilíbrio com
relação às outras. Acontece de ficar para os fins de semana e para as férias,
quando acontecem. Nós aqui reunidos insistimos para que exista um
equilíbrio entre as cinco dimensões formativas para que tenhamos bons pastores
missionários”, enfatizou o arcebispo, que completou. “Fundamentalmente a
dimensão pastoral missionária é a alma do apostolado. Ela puxa e disciplina as
outras dimensões”.
Durante o encontro, o seminarista
arquidiocesano de Ponta Grossa (PR) Wilson Santos Morais, que cursa o terceiro
ano de teologia, relatou a sua experiência em missão na diocese de Santarém
(PA). “Participei da Experiência Missionária de Santarém entre 2009 e 2010 e
foi um momento marcante para a minha formação. Percebo que hoje temos uma
mudança de mentalidade quanto ao ser padre. Esse encontro para refletir sobre a
formação missionária dos futuros sacerdotes é positiva porque estamos fazendo
isso a partir da base, dialogando com os seminaristas”.
O arcebispo de Porto Velho (RO) dom
Esmeraldo Barreto de Farias, que também participou do encontro disse que a
reflexão “fundamenta toda a necessidade da experiência missionária na formação
dos futuros presbíteros, para que desde já, eles possam dizer: nós somos
preparados para a missão e estamos conscientes de que não existe outro modo de
exercer a Palavra de Deus senão pelo modo missionário”. De acordo com o
arcebispo, as redes devem ser lançadas hoje na “realidade urbana, rural, dos
jovens, das famílias, e em todos os ambientes que nos desafiam”.
A Missão na Prática
Padre Alaelson Sousa de Lima, formador
do Seminário São Pio X (Filosofia e Teologia) na diocese de Santarém (PA) e
coordenador dos trabalhos da Experiência Missionária que vai para sua sexta
edição, a partir do próximo mês de dezembro, aposta neste modelo de formação para
seminaristas. “É um modo envolvente que colabora na formação missionária dos
futuros padres. Na Experiência eles mergulham na realidade das comunidades,
sentem como é a vida do nosso povo e isso ajuda bastante. Para este ano as
pessoas já estão na expectativa em Santarém. Vamos receber muitos missionários
de fora”, contou.
O bispo de Goiás (GO), dom Eugênio
Rixen, já participou da Experiência Missionária de Santarém e concorda com o
modelo formativo de missão feito na prática. “É no contato que os seminaristas
fazem uma experiência mais profunda em Jesus Cristo e entendem melhor a Palavra
de Deus. O contato com a realidade também ajuda nos estudos e dá sentido à
vocação”.
Critérios de
ordenação
Segundo dom Pedro Brito, as discussões
feitas na reunião dos bispos e formadores de seminário não devem se esgotar
hoje, quando termina o encontro. Ele disse que a Comissão para os Ministérios
Ordenados sempre tem pautado a CNBB quanto à importância da questão. “Na
Assembleia Geral da CNBB sempre tocamos no assunto ‘critérios de ordenação
presbiteral’. Não podemos deixar de insistir que só devem ser ordenadas pessoas
que não pairam dúvida nenhuma quanto à sua idoneidade em todos os campos
formativos, inclusive no campo da pastoral e da missionariedade”.
Ainda nesta quinta-feira, a reunião
acolhe representantes da OSIB (Organização dos Seminários e Institutos do
Brasil) para tratar de um seminário que deve acontecer em 2014 sobre a formação
presbiteral no Brasil. Na próxima Assembleia Geral da CNBB, antecipou dom Pedro,
“vamos passar ao episcopado brasileiro nossa preocupação sobre os critérios de
ordenação e queremos anunciar o seminário que deve pautar a formação dos padres
no conjunto das cinco dimensões formativas”.
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