sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Dia da Consciência Negra





Consciência Negra [Sarah Leibovitch]

FONTE: CEBI

Sou a alma que ontem nasceu no mundo.
Sou filha da África,
Dos sons dos atabaques em noite de luar,
Da roda de capoeira,
Do jongo ao maculelê.
Sou da raça que irradia perfume de alegria.
(imagem: internet)

Sou semente da história humana,
Das mãos calejadas, exploradas e injustiçadas.
Podem tirar a minha vida,
Menos o direito de sonhar,
De ter esperança...
De lutar por dignidade e respeito,
Nem que seja em grito mudo,
Clamando por igualdade e justiça,
E de acreditar num amanhã melhor.


Ensino da cultura afro-brasileira nas escolas iria salvar o Brasil do racismo
Sexta-feira, 20 de novembro de 2015 - 14h45min

Nesta sexta-feira (20), celebra-se em algumas cidades brasileiras o Dia da Consciência Negra. Uma data marcada para refletir e discutir sobre o preconceito racial que ainda está muito presente no cotidiano brasileiro.


A reportagem conversou com o secretário especial de políticas de promoção da igualdade racial da Presidência, Ronaldo Barros, que alerta que “o número de mortes de jovens negros no Brasil é maior do que em regiões em guerra”. Segundo ele, as mortes de jovens negros já chegam a 70 mil por ano no Brasil.


Reflexo de “um sistema de desigualdade racial”, como sugere Barros, o Brasil ainda tem muito para avançar nesse aspecto. “O racismo mata. O preconceito racial é algo que já é concebido e estigmatizado. Ele está na construção mental do brasileiro. As pessoas operam o racismo antes de qualquer reflexão”, alerta.

Barros destaca que “o pensamento racista é irracional e funciona como uma compulsão. Isso faz com que, algumas pessoas, sempre associem o negro a coisas negativas e cria a vontade de que eles sejam excluídos da sociedade”, e isto é real no dia-a-dia.

Racismo é escancarado

Também entrevistamos Juliana Serzedello Lopes, professora de história. A docente alerta que o racismo no país “é escancarado”. Mas também é “envergonhado”, pois “quando vemos as estatísticas de não escolaridade, de uso de drogas, de prisão, todos esses índices ‘ruins’, a população mais afetada é dos negros”.

“Então temos um racismo que é bem escancarado, nítido”, pontua.

O secretário Barros concorda com o pensamento da historiadora e explica que, muitas vezes, “o racista pensa que não é racista e não acredita que ele pode ser defensável e, por isso, acaba reproduzindo a fala de que o racismo não existe no País”.

“Como ele não sofre o racismo, ele não sente o racismo. O problema é encoberto. Construções ideológicas tentam “maquiar” o racismo, mas ele é um mecanismo perverso de exclusão e violência”
, explica o secretário.

A elite do País, segundo a historiadora, é racista e tem vergonha de dizer publicamente o que pensa, o que não quer dizer que é menos racista por isso. “A nossa elite é racista e não é de hoje. O que eu lamento é que, em vez de enfrentar o debate, os covardes publicam atrás de portas de banheiros”.

Ensino da cultura afro-brasileira nas escolas

De acordo com a professora, “falta de um combate direto” ao racismo no Brasil e, isso faz com que a situação continue se perpetuando. Juliana destaca que é preciso punir as pessoas que fazem declarações racistas. No entanto, é mais relevante ainda que a lei 10.639, que torna obrigatório o ensino da cultura afro-brasileira nas escolas, seja colocada em prática para garantir uma resolução em longo prazo.

“Porque, aí sim, teríamos profissionais em todas as áreas que iam saber a importância do negro e do índio no Brasil”, ressalta a professora.

Barros concorda que as leis (como a citada pela professora e a lei de cotas) são fundamentais para que todos entendam como a cultura afro contribuiu para a nossa sociedade. Porém, ele garante que também é preciso uma mudança cultural.

“O Brasil precisa avançar no mundo privado. A lei assegura um estado de direito, mas é preciso uma nova compreensão. É preciso que as pessoas reflitam sobre as mazelas que o racismo causa”, finaliza.


Fonte: http://www.geledes.org.br

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