sábado, 11 de janeiro de 2014

HOMILIA DA FESTA DO BATISMO DO SENHOR – A



CNBB – NE 2 (quarta-feira, 8 de janeiro de 2014)

João Batista batizava para o perdão dos pecados, visando preparar a todos para a vinda do messias. O Evangelho de Mateus manifesta a surpresa do Batista que não aceita dispor do rito ao próprio Jesus. Se alguém tinha que batizar ali era o Messias. Então, por que Jesus foi batizado?

Jesus se deixou batizar para se tornar solidário aos pecadores. Mesmo sem pecado, Jesus deseja estar no meio dos pecadores. O Senhor quis descer para resgatar a todos: o caminho da salvação é o rebaixar-se e encontrar o caído onde ele está.


Jesus se deixou batizar “para cumprir toda a justiça”: para que o Plano da Salvação se cumpra. Ele veio para realizar a vontade do Pai, para cumprir as profecias. Cumprir a justiça, para Jesus, é doar a vida a todos.

Jesus se deixou batizar para que o Espírito marcasse o início de sua missão. O Batismo de Jesus é marcado por um sinal de manifestação de Deus que o declara o “filho amado”. A ação do Espírito faz dele o “ungido” do Pai: é o Cristo (=Messias, ungido, enviado), aquele que recebeu a missão de entregar-se pela humanidade. “Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o Espírito e com poder. Ele andou por toda a parte fazendo o bem e curando...” (At 10,38).

O Batismo cristão, mais do que lavar a sujeira do pecado, é o sacramento que nos faz participar da mesma unção do Cristo. Somos também selados pelo mesmo Espírito. Desde o Batismo recebemos o nome de cristãos (=enviados, ungidos). Também o termo crismar é semelhante ao termo Cristo, e também significa ungido e enviado. Nossa vida cristã é uma identificação com a missão de Jesus Cristo, este é o grande significado do Batismo que precisamos ressaltar.

A missão do Messias e de todos nós é resumida por Isaías: “ser luz das nações, abrir os olhos dos cegos, tirar os cativos da prisão, livrar do cárcere os que vivem nas trevas” (Is 42,7). Esta missão não é realizada pela força. A imposição fundamentalista que obriga, oprime, sufoca e exige não está nos planos de Deus. O servo anunciado pelo profeta Isaías é tão suave e manso que não quebra a cana que está quase rompendo, nem apaga a chama que quase se apaga. Sua voz não é uma gritaria pelas ruas, mas é marcada pela ternura.

Que neste dia, seja renovada a nossa unção de filhos e filhas de Deus. Que possamos ser luz para o mundo, orientação para os que precisam de um caminho seguro e promotores da liberdade para todos os que residem na escravidão. Que nossa ação no mundo se realize pela mansidão e ternura, tão necessárias no mundo do ódio e da intolerância.

Pe Roberto Nentwig
Postado por Bíblia e Catequese às 08:00
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Batismo de Jesus

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Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)

O Evangelista Lucas lembra que Deus não discrimina ninguém. Ele aceita toda pessoa que o respeita e realiza a justiça  (Cf. Atos 10, 34.35). Não à toa Jesus veio solidarizar-se conosco, apoiando todo ser humano de boa vontade, que deseje realmente ser do bem e da prática do que é justo. Seu batismo no Jordão se deu, mostrando que é um de nós, fazendo conosco o rito e a prática do endereçamento da vida para realizar o projeto de Deus. Aliás, ao próprio João, a quem ele pediu o batismo, e que dizia ser ele o necessitado do batismo de Jesus, ele disse: “Por enquanto deixa como está, porque nós devemos cumprir toda a justiça” (Mateus 3,15). 
O Filho de Deus não precisava submeter-se ao sofrimento, aos limites e ao batismo humano. João Batista realizava a lavadura com indicação da conversão e da purificação dos pecados. Mas Jesus quis, ao ser batizado com o sentido dado por João, para nos revelar o projeto do Pai, ou seja, o ser humano precisa de passar pelo crivo de mudança, lavando-se do egoísmo, da injustiça e de toda a forma de erro moral e discriminação. Seguindo-o, nós realizamos a justiça misericordiosa praticada e ensinada em toda a sua vida. As parábolas do filho pródigo, da ovelha perdida e do bom samaritano, bem como a realização de seu martírio mostram sobejamente o sentido do batismo assumido por Ele. Mais: Ele institui o novo batismo, que não é a pura conversão humana, aquela capaz de fazer a justiça de relação do amor entre Deus e o ser humano. É o batismo com a ação do Espírito Santo, que apareceu em forma de pomba quando Ele era batizado no rio Jordão. Agora sim! O batismo que recebemos, com a ação do Espírito Santo, nos torna capazes de ficar puros e justos perante Deus e os seres humanos. Assumir o batismo a vida toda é nosso maior desafio!
O profeta Isaías já contemplava o que o Espírito Santo iria depois afirmar sobre Jesus, que era batizado por João (Cf. Mateus 3,16.17): “Nele se compraz minha alma; pus o meu espírito sobre ele... Não esmorecerá nem se deixará abater, enquanto não estabelecer a justiça na terra; os países distantes esperam seus ensinamentos. Eu, o Senhor, te chamei para a justiça...!” (Isaías 42,1.4.6).
O batismo instituído por Jesus vai além do pedido de justiça, ou seja, da vontade humana de chegar a Deus e obter seu amor e a felicidade plena com Ele, na obtenção de sua graça. Não é o humano tentando, sem forças, ir ao divino. É o divino dando forças ao humano, para que Ele realize do projeto de Deus, ou seja, de viver como imagem e semelhança do Criador. O Senhor da história cuida com absoluta perfeição e todo o amor de suas criaturas. O ser humano cuida da terra com carinho e amor privilegiado ao semelhante. Há, então, verdadeira justiça, como a implantada por Jesus. As discriminações são superadas, a verdade e o bem são vivenciados. O compromisso batismal se torna realidade. Há paz. A vontade de Deus se torna a vontade humana. A aliança entre o humano e o divino acontece. Os efeitos da morte e ressurreição do Filho se dão. A verdade, a justiça e o amor se entrelaçam para o bem de toda a humanidade. Daí para frente, a missão de levar a salvação para todos é assumida por quem vive a nova aliança.
 

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