CNBB – NE 2 (quarta-feira, 8 de janeiro de 2014)
João
Batista batizava para o perdão dos pecados, visando preparar a todos para a
vinda do messias. O Evangelho de Mateus manifesta a surpresa do Batista que não
aceita dispor do rito ao próprio Jesus. Se alguém tinha que batizar ali era o
Messias. Então, por que Jesus foi batizado?
Jesus se
deixou batizar para se tornar solidário aos pecadores. Mesmo sem pecado, Jesus
deseja estar no meio dos pecadores. O Senhor quis descer para resgatar a todos:
o caminho da salvação é o rebaixar-se e encontrar o caído onde ele está.
Jesus se
deixou batizar “para cumprir toda a justiça”: para que o Plano da Salvação se
cumpra. Ele veio para realizar a vontade do Pai, para cumprir as profecias.
Cumprir a justiça, para Jesus, é doar a vida a todos.
Jesus se
deixou batizar para que o Espírito marcasse o início de sua missão. O Batismo
de Jesus é marcado por um sinal de manifestação de Deus que o declara o “filho
amado”. A ação do Espírito faz dele o “ungido” do Pai: é o Cristo (=Messias,
ungido, enviado), aquele que recebeu a missão de entregar-se pela humanidade.
“Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o Espírito e com poder. Ele andou por
toda a parte fazendo o bem e curando...” (At 10,38).
O Batismo
cristão, mais do que lavar a sujeira do pecado, é o sacramento que nos faz
participar da mesma unção do Cristo. Somos também selados pelo mesmo Espírito.
Desde o Batismo recebemos o nome de cristãos (=enviados, ungidos). Também o
termo crismar é semelhante ao termo Cristo, e também significa
ungido e enviado. Nossa vida cristã é uma identificação com a missão de Jesus
Cristo, este é o grande significado do Batismo que precisamos ressaltar.
A missão
do Messias e de todos nós é resumida por Isaías: “ser luz das nações, abrir os
olhos dos cegos, tirar os cativos da prisão, livrar do cárcere os que vivem nas
trevas” (Is 42,7). Esta missão não é realizada pela força. A imposição
fundamentalista que obriga, oprime, sufoca e exige não está nos planos de Deus.
O servo anunciado pelo profeta Isaías é tão suave e manso que não quebra a
cana que está quase rompendo, nem apaga a chama que quase se apaga.
Sua voz não é uma gritaria pelas ruas, mas é marcada pela ternura.
Que neste
dia, seja renovada a nossa unção de filhos e filhas de Deus. Que possamos ser
luz para o mundo, orientação para os que precisam de um caminho seguro e
promotores da liberdade para todos os que residem na escravidão. Que nossa ação
no mundo se realize pela mansidão e ternura, tão necessárias no mundo do ódio e
da intolerância.
Pe
Roberto Nentwig
Postado
por Bíblia e Catequese às
08:00
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Dom José Alberto Moura
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Batismo de Jesus
Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)
O Evangelista Lucas lembra que Deus não
discrimina ninguém. Ele aceita toda pessoa que o respeita e realiza a
justiça (Cf. Atos 10, 34.35). Não à toa Jesus veio solidarizar-se
conosco, apoiando todo ser humano de boa vontade, que deseje realmente
ser do bem e da prática do que é justo. Seu batismo no Jordão se deu,
mostrando que é um de nós, fazendo conosco o rito e a prática do
endereçamento da vida para realizar o projeto de Deus. Aliás, ao próprio
João, a quem ele pediu o batismo, e que dizia ser ele o necessitado do
batismo de Jesus, ele disse: “Por enquanto deixa como está, porque nós
devemos cumprir toda a justiça” (Mateus 3,15).
O Filho de Deus não precisava
submeter-se ao sofrimento, aos limites e ao batismo humano. João Batista
realizava a lavadura com indicação da conversão e da purificação dos
pecados. Mas Jesus quis, ao ser batizado com o sentido dado por João,
para nos revelar o projeto do Pai, ou seja, o ser humano precisa de
passar pelo crivo de mudança, lavando-se do egoísmo, da injustiça e de
toda a forma de erro moral e discriminação. Seguindo-o, nós realizamos a
justiça misericordiosa praticada e ensinada em toda a sua vida. As
parábolas do filho pródigo, da ovelha perdida e do bom samaritano, bem
como a realização de seu martírio mostram sobejamente o sentido do
batismo assumido por Ele. Mais: Ele institui o novo batismo, que não é a
pura conversão humana, aquela capaz de fazer a justiça de relação do
amor entre Deus e o ser humano. É o batismo com a ação do Espírito
Santo, que apareceu em forma de pomba quando Ele era batizado no rio
Jordão. Agora sim! O batismo que recebemos, com a ação do Espírito
Santo, nos torna capazes de ficar puros e justos perante Deus e os seres
humanos. Assumir o batismo a vida toda é nosso maior desafio!
O profeta Isaías já contemplava o que o
Espírito Santo iria depois afirmar sobre Jesus, que era batizado por
João (Cf. Mateus 3,16.17): “Nele se compraz minha alma; pus o meu
espírito sobre ele... Não esmorecerá nem se deixará abater, enquanto não
estabelecer a justiça na terra; os países distantes esperam seus
ensinamentos. Eu, o Senhor, te chamei para a justiça...!” (Isaías
42,1.4.6).
O batismo instituído por Jesus vai além
do pedido de justiça, ou seja, da vontade humana de chegar a Deus e
obter seu amor e a felicidade plena com Ele, na obtenção de sua graça.
Não é o humano tentando, sem forças, ir ao divino. É o divino dando
forças ao humano, para que Ele realize do projeto de Deus, ou seja, de
viver como imagem e semelhança do Criador. O Senhor da história cuida
com absoluta perfeição e todo o amor de suas criaturas. O ser humano
cuida da terra com carinho e amor privilegiado ao semelhante. Há, então,
verdadeira justiça, como a implantada por Jesus. As discriminações são
superadas, a verdade e o bem são vivenciados. O compromisso batismal se
torna realidade. Há paz. A vontade de Deus se torna a vontade humana. A
aliança entre o humano e o divino acontece. Os efeitos da morte e
ressurreição do Filho se dão. A verdade, a justiça e o amor se
entrelaçam para o bem de toda a humanidade. Daí para frente, a missão de
levar a salvação para todos é assumida por quem vive a nova aliança.
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