Ter, 28
de Janeiro de 2014 09:42 cnbb
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB
divulgou hoje, 28 de janeiro, nota por ocasião do Dia Nacional de Combate ao
Trabalho Escravo. A data é uma homenagem a quatro auditores do Ministério do
Trabalho e Emprego que foram assassinados, em janeiro de 2004, quando
investigavam a suspeita de uso de mão de obra escrava em fazendas de feijão em
Unaí (MG).
No texto, a Presidência da CNBB faz menção à
Campanha da Fraternidade que, este ano, aborda o tema “Fraternidade e o Tráfico
Humano”. O tráfico para a exploração no trabalho é uma das modalidades do
tráfico humano. “Tráfico humano e trabalho escravo são atividades que têm, na
miséria e na desigualdade social, espaço fértil para a ação de traficantes e
exploradores, movidos pela ganância e pela certeza da impunidade”, dizem os
bispos na nota, que segue abaixo, na íntegra.
A Campanha da Fraternidade 2014 será lançada na
Quarta-feira de Cinzas, no dia 5 de março. Tem como lema “É para a liberdade
que Cristo nos libertou” (Gl 5,1).
NOTA DA CNBB POR OCASIÃO DO DIA NACIONAL DE COMBATE
AO TRABALHO ESCRAVO
1. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB
se une neste 28 de janeiro - Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo – a
todos que se empenham para eliminar a lamentável prática do trabalho escravo
que envergonha o país e avilta a dignidade humana.
2. Esta data nos traz à memória, neste ano, os dez
anos do assassinato dos profissionais do Ministério do Trabalho, mortos de
forma brutal enquanto cumpriam a tarefa de fiscalização de possível situação de
trabalho escravo no Município de Unaí-MG. Remete-nos também à Campanha da
Fraternidade-2014 que conclamará a sociedade brasileira a tomar consciência do
tráfico humano, “uma atividade ignóbil, uma vergonha para as nossas sociedades
que se dizem civilizadas”, conforme alerta do Papa Francisco.
3. Tráfico humano e trabalho escravo são atividades
que têm, na miséria e na desigualdade social, espaço fértil para a ação de
traficantes e exploradores, movidos pela ganância e pela certeza da impunidade.
Implicam grave desrespeito aos direitos da pessoa humana, à sua dignidade, e,
no caso do trabalho escravo, negam o direito de livre exercício da atividade
laboral. Identificar e denunciar tais crimes é dever de toda a sociedade.
4. Causa perplexidade a disseminação da prática do
trabalho escravo em diferentes ramos da economia, envolvendo pessoas do campo e
da cidade, na agropecuária, na construção civil, na indústria têxtil, nas
carvoarias, nos serviços hoteleiros e até em situações familiares classificadas
como servidão doméstica. São imigrantes que chegam ao Brasil em busca de
trabalho e sobrevivência, e brasileiros que migram internamente sonhando
melhores condições de vida.
5. Diante desta triste realidade, urge reafirmar de
forma inequívoca o inalienável valor da vida e da dignidade humanas que
transcendem qualquer atividade econômica. Criada à imagem e semelhança de Deus,
toda pessoa humana é templo de Deus que não pode ser profanado.
6. Cabe ao Estado brasileiro, em primeiro lugar,
adotar medidas que erradiquem esta chaga social que vitima milhares de irmãos e
irmãs. É sua responsabilidade defender e proteger os que lutam pelo fim do
trabalho escravo, bem como garantir às vítimas desta prática infame a
reinserção na sociedade. É dever do Estado, ainda, punir de maneira exemplar os
responsáveis por este crime que clama aos céus.
7. Que
Jesus Cristo, enviado do Pai para proclamar a libertação aos presos e dar
liberdade aos oprimidos (cf. Lc 4,18), seja a força e a luz de todos que lutam
por um Brasil justo e solidário.
Raymundo, Cardeal, Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida – SP
Presidente da CNBB
Dom José Belisário da Silva
Arcebispo de São Luís
Vice-presidente da CNBB
Dom Leonardo Steiner
Bispo-Auxiliar de Brasília – DF
Secretário-Geral da CNBB
Nenhum comentário:
Postar um comentário