Sex, 09
de Agosto de 2013 15:49 / Atualizado - Sex, 09 de Agosto de 2013 15:50 por:
cnbb
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém (PA)
Arcebispo de Belém (PA)
“Pela fé, embora Sara fosse estéril e ele mesmo já
tivesse passado da idade, Abraão tornou-se capaz de ter descendência, porque
considerou fidedigno o autor da promessa. E assim, de um só homem, já marcado
pela morte, nasceu a multidão comparável às estrelas do céu e inumerável como
os grãos de areia na praia do mar” (Hb 11, 11-12). Abraão é considerado o “Pai
da Fé” pelas três grandes religiões monoteístas, o Cristianismo, o Judaísmo e o
Islamismo. Para elas, a experiência da presença de Deus tem sua fonte no alto,
é revelação, cuja iniciativa é do próprio Senhor. A fé, certeza a respeito
daquilo que não se vê (Hb 11, 1), introduz nas realidades humanas um horizonte
aberto de proporções inimagináveis. Abraão se encontra presente, quando apostou
tudo em Deus, na multidão dos homens e mulheres que, nas sucessivas gerações,
volta seus olhos para o alto e para frente.
A graça da paternidade e da maternidade,
experimentada por Abraão e Sara, há de ser posta em relevo em nosso tempo,
pois, de fato, “os filhos são herança do Senhor, é graça sua o fruto do ventre”
(Sl 127, 3). Queremos oferecer, como profecia de um futuro digno para a
humanidade, o presente de famílias cristãs consistentes. A contribuição genuína
dos cristãos, neste campo, é a família una, fiel e fecunda. Graça e desafio!
Aceitar formar famílias segundo esta proposta é antes de tudo uma vocação a ser
descoberta e alimentada. Homem e mulher, pois assim foi criado o ser humano (Gn
1,27), são tocados pelo amor de Deus para serem seus sinais. A resposta,
desafio a ser assumido, é construída durante a vida toda.
O coração humano não foi feito para ser dividido em
vários amores. Corpo e alma, com todas as suas potencialidades, doados como
sinal do amor de Cristo e da Igreja. Chama-se “sacramento” do Matrimônio!
Descobrir a pessoa à qual será entregue a própria vida, não como um título de
propriedade a ser adquirido, é a grandeza do casamento cristão. Trata-se de uma
forma de consagração a Deus! Acreditar que os dois, unidos diante do Senhor,
mostram o próprio Deus às outras pessoas e ao mundo. Nosso mundo clama por testemunhas
consistentes de tais valores. Os casais cristãos descubram de novo a beleza do
que receberam do Senhor e assumiram como vocação.
Com certa frequência aparecem estatísticas sobre a
fidelidade e a infidelidade entre os casais. Parece uma propaganda das
aventuras infelizmente existentes, que podem suscitar justamente uma
banalização de uma das graças do matrimônio cristão. Desejo homenagear os
casais que não submetem sua própria intimidade a perguntas que os expõem na
praça pública. Sintam-se reconhecidos todos os casais fiéis, e são muito mais
do que se divulga! Saibam que a Igreja faz festa com eles por conservarem, no
verdadeiro tabernáculo que é sua vida conjugal, o tesouro da fidelidade,
prometido com plena liberdade quando seu amor se tornou Sacramento. Não fica
esquecido pelo Senhor o dom de suas vidas!
Por falar em exposição, sim, os casais cristãos têm
algo a mostrar! Trata-se dos filhos, testemunhas da fecundidade do amor
verdadeiro. Já se disse que o amor conjugal não é olhar um para outro a vida
inteira, mas olharem os dois numa mesma direção! Olhar para o alto, participar
da graça criadora de Deus, gerar filhos para a Igreja e para o mundo! É
dignidade a ser sonhada e construída pelo homem e a mulher que se unem no
Sacramento do Matrimônio. É graça a ser pedida pelos que se preparam ao
Casamento.
Tudo isso encontra seu sentido na fé, fundamento de realidades humanas assumidas nesta terra, como pessoas que veem o invisível. Há muita gente pronta para descrever os problemas das famílias. A nós, na Igreja, cabe a tarefa de proclamar um verdadeiro evangelho da família, reconhecida como boa nova para o nosso tempo.
Tudo isso encontra seu sentido na fé, fundamento de realidades humanas assumidas nesta terra, como pessoas que veem o invisível. Há muita gente pronta para descrever os problemas das famílias. A nós, na Igreja, cabe a tarefa de proclamar um verdadeiro evangelho da família, reconhecida como boa nova para o nosso tempo.
Daí nasce o convite aos jovens vocacionados ao
matrimônio, para que empreendam um caminho de discernimento e preparação
correspondentes à grandeza do sacramento que desejam abraçar. Entrem na escola
do amor verdadeiro, treinem a capacidade de escuta e acolhimento, exercitem a
saída de si mesmos para dar espaço à outra pessoa. Peçam a Deus a graça de
descobrirem a quem deverão entregar totalmente suas vidas. Sejam anunciadores
de novas famílias, renovadas no Espírito Santo.
Aos casais cristãos, chegue o convite da Igreja a
edificarem cada dia seus lares sobre o fundamento da fé, de modo a transmitirem
valores consistentes aos filhos e os testemunharem à sociedade. Deus lhes
confiou muito! A Evangelização de seus filhos começou quando estes foram
gerados no amor, deixando neles uma marca indelével. Continuou quando vocês
lhes ensinaram os rudimentos da fé cristã. Benditas foram as orações que lhes
foram ensinadas! Deem graças ao Senhor porque vocês os apresentaram à Igreja
para os Sacramentos, quando os encaminharam à Catequese. Aliás, vocês foram os
primeiros catequistas! Deus lhes pague e confirme sua vocação na transmissão e
educação da Fé Cristã na Família, como quer celebrar a Semana Nacional da
Família. Deus seja louvado pelos valores cristãos que existem em nossas
famílias, santuários da fé e da vida!
Com as famílias e pelas famílias, rezamos
confiantes no dia dos pais: “Deus eterno e todo-poderoso, a quem ousamos chamar
de Pai, dai-nos cada vez mais um coração de filhos, para alcançarmos um dia a
herança que prometestes. Amém!”
Nenhum comentário:
Postar um comentário