Papa Francisco concluiu, na quarta-feira, sua visita ao México, a 12ª viagem apostólica de seu pontificado
O
último dia do papa Francisco no México, 17, foi em Ciudad Juarez, onde
visitou um centro de readaptação social e celebrou no espaço da feira
local, próximo à fronteira com os Estados Unidos. Na despedida da viagem
iniciada no dia 12 de fevereiro, afirmou que “há tantas luzes que
anunciam esperança” no povo mexicano. No meio dos compromissos,
Francisco ainda participou de um encontro com o mundo do trabalho no
Colégio Bachilleres do estado de Chihuahua.
Misericórdia que abraça a todos
Aos presentes no Centro de Readaptação
Social de Ciudad Juárez, Francisco ressaltou que não poderia concluir a
viagem apostólica sem saudá-los, sem celebrar o Jubileu da Misericórdia
com eles.
“Hoje, no vosso meio e convosco, quero reafirmar uma vez mais a
confiança a que Jesus nos impele: a misericórdia que abraça a todos, em
todos os cantos da terra. Não há lugar onde a sua misericórdia não
possa chegar, não há espaço nem pessoa que ela não possa tocar”, disse o
papa.
O papa sugeriu que é necessário
empreender um caminho que rompa o ciclo vicioso da violência e da
delinquência. Reiterou, ainda, que a reinserção não começa dentro dos
muros, mas nas ruas da cidade. “A reinserção ou reabilitação começa
criando um sistema que poderíamos chamar de saúde social, isto é, uma
sociedade que procure não adoecer contaminando as relações no bairro,
nas escolas, nas praças, nas ruas, nos lares, em todo o espectro
social”, sinalizou.
Francisco ainda refletiu mais sobre o
Ano da Misericórdia, que propõe “a força da misericórdia divina que faz
novas todas as coisas”. Sua fala foi concluída com encorajamento aos
detentos e aos profissionais que atuam no local.
Missa na fronteira
O papa Francisco celebrou uma missa no
espaço da Feira de Ciudad Juarez, no norte do México, em um altar
montado a 80 metros da fronteira internacional entre México e EUA. Na
sua homilia lembrou as vítimas da migração forçada, da violência, da
droga e do tráfico humano.
“Aqui em Ciudad Juarez, como noutras
áreas fronteiriças, concentram-se milhares de migrantes da América
Central e doutros países, sem esquecer tantos mexicanos que procuram
também passar para “o outro lado”. Uma passagem, um caminho carregado de
injustiças terríveis: escravizados, sequestrados, objetos de extorsão,
muitos irmãos nossos acabam vítimas do tráfico humano”, disse após
comentar sobre a misericórdia de Deus manifestada ao povo de Nínive, de
acordo com a Primeira Leitura de ontem.
“Peçamos ao nosso Deus, o dom da
conversão, o dom das lágrimas. Peçamos-Lhe a graça de ter o coração
aberto, como os Ninivitas, ao seu apelo no rosto sofredor de tantos
homens e mulheres. Não mais morte nem exploração! Há sempre tempo para
mudar, há sempre uma via de saída e uma oportunidade, é sempre tempo
para implorar a misericórdia do Pai”, propôs Francisco.
Mais de 200 mil pessoas acompanharam a
homilia do papa em Ciudad Juarez. Outras 30 mil também puderam
participar da celebração por meio de uma transmissão ao vivo projetada
no estádio da Universidade do Texas, no lado estadunidense da fronteira,
em El Paso.
“Graças à ajuda da tecnologia, podemos
rezar, cantar e celebrar juntos este amor misericordioso que o Senhor
nos dá, e que nenhuma fronteira poderá nos impedir de compartilhar.
Obrigado irmãos e irmãs de El Paso, por nos fazer sentir uma só família e
uma mesma comunidade cristã”.
Leia a homilia na íntegra. http://www.news.va/pt/news/homilia-do-papa-na-missa-em-ciudad-juarez-texto-in
Luzes que anunciam a esperança
Em sua despedida, Francisco destacou os testemunhos e a esperança do povo mexicano.
“A noite pode parecer-nos enorme e muito
escura, mas, nestes dias, pude constatar que, no povo mexicano, há
tantas luzes que anunciam esperança; pude ver, em muitos dos seus
testemunhos, em muitos dos seus rostos, a presença de Deus que continua a
caminhar nesta terra guiando-os e sustentando a esperança; muitos
homens e mulheres, com o seu esforço de cada dia, tornam possível que
esta sociedade mexicana não fique às escuras. São profetas do amanhã,
são sinal dum novo amanhecer”, afirmou.
Diálogo
O encontro com o mundo do trabalho
aconteceu após a visita ao centro de readaptação social. Empresários e
trabalhadores receberam o papa no colégio de Bachilleres do estado de
Chihuahua, em Ciudad Juárez. Destacando o contexto de “relação especial
com mundo do trabalho” o pontífice escutou as ansiedades e esperanças
desse mundo expressas por uma família e um empresário e agradeceu pela
“oportunidade de intercâmbio e reflexão”.
“Tudo o que pudermos fazer para
dialogar, para nos encontrar, para procurar melhores alternativas e
oportunidades já é uma conquista que merece apreço e destaque”, disse.
“Não podemos dar-nos ao luxo de cortar qualquer possibilidade de
encontro, discussão, confronto, pesquisa. Esta é a única maneira que
temos de poder construir o amanhã: ir tecendo relações duradouras”,
afirmou, indicando que tais relações são capazes de reconstruir os
vínculos sociais consumidos pela falta do respeito requerido para uma
sadia convivência.
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