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Dom Levi Bonatto
Bispo auxiliar de Goiânia
Sempre que se inicia o ano, todas as
famílias com filhos em idade escolar preocupam-se com a educação dos
seus filhos. O Estado tem a obrigação de subsidiar a educação, porém é
indispensável a participação da família nesse processo.
Nos primeiros anos da vida, a cultura
recebe o nome de educação. Educar é cultivar. Em latim, educco significa
“lançar para fora”, “fazer sair”; educar tem o sentido de desenvolver a
partir de algo que já se encontra em germe na criança.
Assim como o cultivo das plantas é a
arte de, obedecendo às leis naturais, conduzir a semente ao estado de
flor, também a educação do ser humano tem as suas leis. Devemos educar
obedecendo livremente essas leis, que são as leis da criação e que estão
inscritas no ser humano.
Uma boa educação deve capacitar o homem
para alcançar o seu fim. Deve mostrar o sentido da vida, do Bem
Soberano, Deus, o nosso fim; assim como deve mostrar como escolher,
sempre sob a atração desse Soberano Bem, quais são esses outros bens que
nos convém nesta vida.
Um bom educador não desenvolverá apenas o
que já está previsto no nosso programa genético, a chamada herança
genética, mas saberá absorver do meio social onde se encontra, aquele
conjunto de tradições, de valores autênticos, de formas de vida válidas
para o verdadeiro crescimento da personalidade. Antes de tudo, educar é
ensinar a discernir. É cultivar na criança e no adolescente o homem,
sabendo desenvolver nele o gosto, o afeto, o interesse por tudo aquilo
que ajuda a ser mais homem.
Educar consiste em formar o espírito
crítico, o bom gosto, o sentido do verdadeiro, do belo, do bom, e, acima
de tudo, o sentido do Soberano Bem, o sentido de Deus, sem o qual nossa
vida não tem sentido nenhum.
A educação se inclui entre os direitos
fundamentais da pessoa humana. Diz o Concílio Vaticano II: “Todos os
homens, de qualquer estirpe, condição e idade, visto gozarem da
dignidade da pessoa, têm direito inalienável a uma educação
correspondente ao próprio fim, acomodada à própria índole, sexo, cultura
e tradições pátrias, e, ao mesmo tempo, aberta ao consórcio fraterno
com os outros povos”.
Essa primeira educação deve dar-se na
família. O filho tem direito a nascer e a ser educado no seio de uma
família. Pouco adiantará a boa escola, mesmo a escola católica, se
quando voltar para casa a criança não encontrar no lar a confirmação,
teórica e prática, do que lhe ensinaram seus professores.
E a escola, mesmo a escola católica, não
terá nenhuma eficácia, se na família, consciente ou inconscientemente,
se cultivam formas contra-culturais de vida, que são o consumismo, o
hedonismo, a frivolidade, uma vida egoísta.
Uma boa educação não deve limitar-se aos
elementos intelectuais, artísticos, técnicos, mas deve cultivar as
atitudes morais e os valores espirituais, principalmente a fé. Não
existe, segundo São João Paulo II, “bem maior que o de uma fé profunda,
para os pais transmitirem a seus filhos”.
Os pais são, por direito e por dever, os
primeiros e principais educadores de seus filhos. Não devem, portanto,
alhear-se dessa difícil tarefa, pensando que a escola fará tudo. O
próprio desinteresse dos pais nesse ponto, quando é percebido pelos
filhos – e o é sempre –, mata na sua base todo o esforço educador.
A transmissão da fé é uma missão
especialmente ligada à vocação matrimonial. Os esposos, pelo matrimônio,
se orientam para a geração e a educação da prole. A educação é, não
esqueçam, o prolongamento normal e necessário da geração. É isso que a
sociedade, a Igreja e Deus esperam dos pais.
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