FONTE: CNBB - SEXTA, 24 ABRIL 2015 18:01
A nova presidência
da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tomou posse na manhã desta
sexta-feira, dia 24, durante a sessão de encerramento da 53ª Assembleia Geral
(AG) da entidade, iniciada no dia 15, em Aparecida (SP). Também tomaram posse os
doze presidentes da Comissões Episcopais.
O
arcebispo de Aparecida (SP), cardeal Raymundo Damasceno Assis, na condição de
presidente da Conferência, fez uma série de agradecimentos aos participantes,
parceiros e colaboradores pela realização da 53ª AG. Também agradeceu pelos
“frutos” do trabalho. “A oração, a convivência fraterna, os temas que pudemos
aprofundar, sobre os quais pudemos dialogar, os documentos que aprovamos são
alguns dos frutos do nosso trabalho que nos fizeram crescer na corresponsabilidade
colegial pela Igreja no Brasil”, disse o cardeal.
Dom Damasceno
ainda expressou a gratidão ao episcopado pela confiança do mandato iniciado em
2011, o qual os permitiu “servir com limitações, mas com grande amor, à Igreja
no Brasil”.
No final de sua
fala, dom Raymundo desejou “votos de boas realizações” na condução dos
trabalhos da Conferência Episcopal.
O secretário geral
da CNBB, dom Leonardo Steiner,
reconduzido ao cargo, tomou a palavra para
saudar o cardeal Damasceno Assis e o arcebispo de São Luís (MA), dom José
Belisário, que ocupou a vice-presidência no último quadriênio.
“Dom Raymundo e
dom Belisário, creio que todos nós que estamos aqui gostaríamos de expressar
uma palavra de profunda gratidão. São dois homens extraordinários. Simples,
argutos, perspicazes, um amor profundo à Igreja, um amor profundo à CNBB. São
dois homens extraordinários porque têm o senso do Evangelho, o bom humor, a
alegria, a simplicidade”, disse dom Leonardo.
O bispo auxiliar
de Brasília (DF) ainda testemunhou o amor pela CNBB presente nos ex-membros da
presidência. “Se todos nós tivermos o amor pela CNBB como esses dois homens,
nós continuaremos na comunhão, na colegialidade e no serviço à nossa Igreja no
Brasil”, sugeriu.
Voltando-se para
dom Damasceno, ressaltou a capacidade de ponderação do cardeal. “O senhor
sempre procurou ver todos os lados, todas as perspectivas para podermos assim
tomar decisões e encaminhamentos que nos ajudaram muito durante esses quatro
anos”, avaliou.
Após momento de
oração, foram chamados os presidentes das doze Comissões Episcopais de Pastoral
que cumpriram mandato até a 53ª AG e os escolhidos durante esta semana. Com um
aperto de mão, simbolizaram a passagem e continuidade do trabalho à frente das
respectivas comissões.
Entrevista
coletiva
Após a cerimônia de posse e encerramento da 53ª AG da CNBB, o presidente e o secretário geral da Conferência atenderam a imprensa em entrevista coletiva. Na ocasião, foram divulgadas notas e mensagens aprovadas durante a reunião. As mensagens foram dirigidas às pessoas da Vida Consagrada, por ocasião do Ano da Vida Consagrada; aos cristãos perseguidos e ao povo armênio, por ocasião do centenário do genocídio que ceifou a vida de 1,5 milhão de cristãos, canonizados simbolicamente pelo líder da Igreja Armênia.
A
nota divulgada trata do momento nacional.
Uma reflexão que partiu da análise apreensiva do episcopado diante da realidade
brasileira “marcada pela profunda e prolongada crise que ameaça as conquistas,
a partir da Constituição Cidadã de 1988, e coloca em risco a ordem democrática
do País”.
“Desta
avaliação nasce nossa palavra de pastores convictos de que ‘ninguém pode exigir
de nós que releguemos a religião para a intimidade secreta das pessoas, sem
qualquer influência na vida social e nacional, sem nos preocupar com a saúde
das instituições da sociedade civil, sem nos pronunciar sobre os acontecimentos
que interessam aos cidadãos’”, afirmaram citando a Exortação Apostólica do papa
Francisco, Evangelii Gaudium.
Respostas
aos jornalistas
Após a leituras
das notas, os jornalistas puderam fazer perguntas ao presidente e secretário
geral da CNBB. Confira trechos de algumas respostas:
•
Acusações de atitudes favoráveis ao partido do governo
Dom
Sérgio da Rocha
“Nós
deixamos muito claro que a CNBB, na sua história e no momento presente tem
sempre se pautado por aquilo que é a Doutrina Social da Igreja. Nós temos sim o
dever de nos pronunciar sobre as questões sociais e fazemos isso sempre na
fidelidade a Cristo, iluminados pela palavra dele”.
“A
palavra da Igreja é profética, é de anúncio é de denúncia, sempre fundamentada
na palavra de Deus. É a palavra de Deus que está sendo proclamada nas condições
concretas do nosso tempo, do nosso país. De nossa parte, nós não temos adotado
e não queremos adotar nenhuma posição que seja político-partidária. E no caso
da Reforma Política, até mesmo existem outros projetos diversos daquele que a
Coalizão, da qual a CNBB participa, está propondo. Então não é justo, às vezes
as pessoas não estão muito atentas aos detalhes, às vezes vão misturando as
coisas. Por exemplo, o fato da Igreja falar da reforma política, mostrar a
importância da palavra política não quer dizer que esteja adotando uma posição
que seja do governo que aí está ou então de um partido ou outro. Nós fazemos
isso [falar da reforma política], com sentimento de corresponsabilidade e de
responsabilidade na vida social.
“Eu
deixo muito claro que se há equívocos, a gente respeita, até mesmo pessoas que
possam ter uma postura mais crítica, mas, de nossa parte, aquilo que tem sido e
que continuará a ser é uma postura de autonomia, de independência diante
daquilo que é posição político-partidária. Lamentavelmente, às vezes, acaba-se
confundindo as coisas dependendo daquilo que se fala”.
•
Continuidade de posicionamentos sobre questões sociais e políticas com a nova
presidência
Dom
Sérgio da Rocha
“A
eleição de uma nova presidência não significa uma mudança radical nos rumos da
Conferência Episcopal. A presidência não age sozinha. Nós estamos, em primeiro
lugar, procurando dar sequência àquilo que tem sido o papel da CNBB na Igreja
no Brasil nesses anos todos”.
“Essa
postura profética que sempre acompanhou a vida da Igreja, a vida da CNBB, vai
continuar”.
Na
elaboração de notas e nos Conselhos Episcopais “não se reflete aquilo que é o
sentir da presidência, mas do episcopado”.
“Não
podemos renunciar a esse aspecto que é próprio da missão da Igreja e da CNBB na
Igreja no Brasil, que é o profetismo, uma postura de anúncio da Palavra de Deus
nas condições concretas do mundo de hoje, principalmente denunciando aquilo que
vai contra a palavra de Deus, contra o Reino de Deus, independente da matéria
que esteja em pauta”.
•
Vistas ao papa e à presidência da República
Dom
Leonardo Steiner
Dom
Leonardo explicou que a presidência da CNBB apresenta
a cada ano o resultado das Assembleias Gerais. Um momento de diálogo e para
“ouvir as orientações”. Ele ressaltou sua experiência com o “jeito afável e
próximo” de Bento XVI e a “expansividade” do papa Francisco, o qual tem sempre
a curiosidade de saber como está o trabalho da Conferência.
“É
praxe da nova presidência fazer uma visita ao presidente, no nosso caso, a
presidente, até no período da ditadura. A CNBB coloca suas preocupações. Também
estabelece contato com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e com o
procurador geral da República”.
“Às
vezes a gente sente que alguns pensam que a visita no caso da presidente é para
reforçar o Partido dos Trabalhadores (PT). Não! É uma visita de relação de
entidades. Nós não visitamos, portanto, partidos. Nós sempre vamos com pontos
para discutir, para propor. E sempre com uma preocupação muito importante. Não
para a igreja se impor, mas a questão realmente dos pobres”.
Nos ministérios, é
comum dom Leonardo acompanhar integrantes de comunidades tradicionais, como
indígenas e quilombolas, em nome da CNBB para que sejam expostas suas
necessidades às autoridades.
Com fotografia do Portal
A12.com - Thiago Leon e Ivan Simas
Nenhum comentário:
Postar um comentário