FONTE:
CNBB (Segunda, 09 Junho 2014 15:08)
Dom Anuar Battisti
Arcebispo de Maringá (PR)
Arcebispo de Maringá (PR)
“Quem te viu e quem te vê”, velho chavão que hoje
podemos aplicar ao período chamado da Copa do Mundo no Brasil. Nunca se viu
tanta bandeira, tantos símbolos pátrios, tanto verde e amarelo como agora. Será
que seríamos capazes de expor os símbolos pátrios com a mesma garra, em tempos
de inflação, em tempos de baixa estima política, em tempos de corrupção e gritar
“eu te amo meu Brasil, eu te amo, mais que o futebol, mais que um mundial ou as
olimpíadas que vêm aí”?
Eu te amo minha pátria e por ti dou a minha vida.
Como dizia o literato Rui Barbosa: “A pátria é a família ampliada.”
Parece impossível ficar indiferente num momento tão
bonito como a Copa do Mundo. Com certeza o sangue ferve, as emoções tomam conta
da razão. Porém as emoções passam, o sangue volta a circular normalmente e o
que fica é o gosto da vitória ou o amargo sabor da derrota.
Um Brasil de chuteiras passa e passa rápido. O
verde e o amarelo vão continuar, na luta e no suor em garantir o pão nas mesas
de cada dia. "Quando olho para o meu Brasil, posso ver um pedacinho de mim
em cada cidadão. Eles são o que eu sou, e dividem o mesmo amor que eu divido, o
amor do Brasil." (Jean Lacerda)
Todos nós brasileiros e brasileiras vibramos pela
seleção na disputa pela bola e o balançar das redes, acompanhados do grito
amarrado na garganta, da vitória final. Porém, vamos vibrar e gritar também a
vitória, quando seremos cuidados em hospitais de qualidade, com profissionais
da saúde cuidando da vida como se cuida de um viveiro de orquídeas.
Vamos soltar gritos de campeões quando a educação
for prioridade e os professores serem remunerados dignamente. Vamos sair pelas
ruas empunhando bandeiras, quando os pobres e excluídos forem tratados com
dignidade. Vamos mostrar o nosso patriotismo, não só cantando o hino nacional,
em festas e inaugurações, mas fazer dele um programa de vida e de compromisso.
“A beleza brasileira pode ser vista nas pequenas
coisas que habitam nosso lar. Nos sorrisos, na luta, na força e na
persistência. Ser brasileiro é isso, é nunca desistir, é sempre ser feliz mesmo
por baixo de um temporal” (Jean Lacerda).
Vamos aproveitar a Copa do Mundo para amar ainda mais o nosso Brasil e promover a solidariedade e o cuidado com os mais necessitados. Vejamos o que o Papa Francisco nos diz: “O dinheiro dever servir, e não governar! O Papa ama a todos, ricos e pobres, mas tem obrigação, em nome de Cristo, de lembrar que os ricos devem ajudar os pobres, respeitá-los e promove-los. Exorto-vos a uma solidariedade desinteressada e a um regresso da economia e das finanças a uma ética propícia ao ser humano” (Papa Francisco).
Jamais desistir, nunca retroceder, buscar sempre,
acreditar no melhor e jamais sentir-se sozinhos. A Pátria somos nós, a bandeira
é o que nos une, no verde da esperança que não morre, no amarelo do ouro que
brilha com o pão e a casa para todos, no azul do céu de brigadeiro que nos
mostra o destino onde queremos e podemos chegar, nas estrelas formando a cruz
no firmamento, indicando que ela é que dá sentido no caminho da vida. O Brasil
com chuteira ou não, o gol da vitória depende de cada um de nós, em um mundial
que terminará na eternidade.
Vamos torcer pela nossa seleção e vamos rezar para
que também possamos vencer as nossas copas cotidianas desse país que precisa
passar por uma grande transformação ética. E isso passa por mim, por você. Não
se trata de cobrar e criticar apenas os políticos. A busca pela vitória ética
passa, inclusive, pelos setores privados, pelas famílias, por você. Que Deus
nos abençoe. Boa semana e boa Copa!
Nenhum comentário:
Postar um comentário