FONTE: CNBB (Terça, 24 Junho 2014 15:23)
No dia 27 de junho, Solenidade do Sagrado Coração
de Jesus, é celebrado o Dia de Oração pela Santificação dos Sacerdotes. Em
preparação para a data, o arcebispo de Palmas (TO) e presidente da Comissão
Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada, dom Pedro
Brito Guimarães, publicou uma mensagem a todos os sacerdotes. Leia, na íntegra,
o texto:
Mensagem para o dia de oração pela
santificação dos sacerdotes
Caríssimos irmãos sacerdotes,
Tenho Sede!
Todo ano, a Igreja promove a Jornada Mundial de
Oração pela Santificação dos Sacerdotes, por ocasião da festa do Sagrado
Coração de Jesus que, neste ano, será no dia 27 de junho. Neste dia, ela
convida todo o povo de Deus de nossas comunidades eclesiais, bem como as
pessoas de boa vontade, para rezarem pelos seus sacerdotes para que, fiéis aos
compromissos assumidos no dia da ordenação presbiteral, tenhamos uma vida
íntegra e santa, de íntima e profunda comunhão com Jesus. Pois somente assim
poderemos amar verdadeiramente o rebanho do Senhor que nos foi confiado.
A santidade, além de ser um projeto pessoal de
vida, deve ser também um projeto pastoral. São João Paulo II, no ano 2000,
assim se expressou: “em primeiro lugar, não hesito em dizer que o horizonte
para onde deve tender todo o caminho pastoral é a santidade” (NMI 30). E o
apóstolo Paulo: “A vontade de Deus é que sejais santos” (1 Ts 4,3). Tudo
na vida e na missão de um sacerdote deve ter a marca da santidade. Sem
santidade, estamos sem horizonte, não somos nada, não valemos nada e não
fazemos nada de bom.
No Cenáculo, durante a Última Ceia, ao instituir a
Eucaristia, o mandamento do amor fraterno e o sacerdócio ministerial, Jesus, o
Santo e a fonte de toda santidade, revelou aos seus discípulos um dos seus
desejos mais profundos: “Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como o
ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanece na videira, assim também
vós não podereis dar fruto se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, e
vós, os ramos” (cf. Jo 15,4-5). Permanecer em Jesus é a alegria verdadeira
de nossa vida. Sem Ele, tudo em nossa vida emudece e perde sentido. Pois, foi
Ele mesmo quem disse: “Sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15,5). Decorrem
desta íntima união com Jesus Cristo a conversão pessoal e pastoral, a
solicitude pastoral pelos pobres e sofredores e o ardor missionário. Em outras
palavras, a santidade.
Hoje, mais do que em tempos passados, o sacerdote
deve ser o homem de Deus. Aquele que não se mantiver firme na fé, alegre na
esperança, perseverante na oração e firme nas tribulações (cf. Rm 12,12), terá
vida breve e estéril.Na realidade atual, perdemos muito daqueles papéis sociais
de destaque que, em tempo de cristandade, os nossos antepassados tinham. Além
do mais, com o advento dos potentes meios de comunicação, as nossas
fragilidades e feridas aparecem com maior clareza, exigindo de nós mais
coerência de vida e testemunho de santidade. Precisamos sempre ser pastores
identificados com Jesus e com sua Igreja, pobre e para os pobres. Precisamos
ser sacerdotes acolhedores, solidários, fraternos com os irmãos, encantados e
apaixonados pela missão. Enfim, precisamos de sacerdotes santos. Sem a lógica
da santidade, o ministério sacerdotal vale muito pouco e não passa de uma
simples função social.
Neste sentido, é mister recordar o que o papa Bento
XVI disse certa vez: "existem algumas condições para que haja uma
crescente harmonia com Cristo na vida do sacerdote: o desejo de colaborar com
Jesus para propagar o Reino de Deus, a gratuidade no serviço pastoral e a
atitude de servir".O encontro com Jesus deixa o sacerdote fascinado,
encantado e apaixonado por sua pessoa, suas palavras e seus gestos. É como ser
atingido pela irradiação de bondade e de amor que emanam d’Ele, a ponto de
querer ficar com Ele como os dois discípulos de Emaús. Cada sacerdote deveria
diariamente pedir a Jesus: “Fica conosco, pois já é tarde e à noite vem
chegando” (Lc 24,29). Quem se encanta por Jesus, entra em sintonia e em amizade
íntima com Ele, e tudo passa a ser feito como agrada a Deus. Ser sacerdote não
é mérito nosso. É um dom a ser vivido na companhia de Jesus com gratidão e
generosidade.
E acrescenta o papa Bento XVI: "o convite
do Senhor para o ministério ordenado não é fruto de mérito especial, mas é um
dom a ser acolhido a que se corresponde dedicando-se não apenas a um projeto
individual, mas ao de Deus, totalmente generoso e desinteressado. Nunca nos
devemos esquecer, como sacerdotes, que a única subida legítima rumo ao
ministério do pastor não é aquela do sucesso, mas a da cruz”.
Cai bem aqui o que disse o papa Francisco: “Conscientes
de terem sido escolhidos entre os homens e constituídos em seu favor para
esperar nas coisas de Deus, exercitem com alegria e com caridade sincera a obra
sacerdotal de Cristo, unicamente com a intenção de agradar a Deus e não a si
mesmos. Sejam pastores, não funcionários. Sejam mediadores, não intermediários”.
O coração do sacerdote é um coração sempre aberto
para amar, acolher, celebrar e agradecer. Permitam-me, amados de Deus, concluir
esta mensagem reportando, mais uma vez, ao que disse recentemente o papa
Francisco sobre a necessidade de amar e santificar a nossa vocação sacerdotal.
Diz ele: “Os sacerdotes, mais do que estudiosos, são pastores. Não podem
nunca se esquecer de Cristo, seu primeiro amor, e devem permanecer sempre do
seu lado.Como está hoje o meu primeiro amor? Estou enamorado como no primeiro
dia? Estou feliz contigo ou te ignoro? São perguntas que temos que fazer com
frequência diante de Jesus. Porque Ele pergunta isso todos os dias, como
perguntou a Pedro: Simão, filho de João, tu me amas? Continuo enamorado de
Jesus como no primeiro dia ou o trabalho e as preocupações me fazem olhar para
outras coisas e esquecer um pouco o amor”?
Caríssimos, tenhamos sempre diante dos nossos olhos
o exemplo e Jesus, o Bom Pastor, que não veio para ser servido, mas para servir
e para procurar a ovelha, a moeda e filho perdidos e salvá-los (cf. Lc 15,4ss).
Prometo, no dia do Sagrado Coração de Jesus, rezar de modo especial por todos
vocês, sacerdotes do Senhor, a fim de que a vida e o ministério de vocês sejam
vividos na alegria do Evangelho que nos liberta do pecado, da tristeza, do
vazio interior e do isolamento. Peço também que todos os cristãos católicos
façam momentos de oração, de adoração e súplica, pessoalmente ou reunidos em
comunidade, implorando a Deus pela santificação dos nossos sacerdotes, tesouro
precioso saído do Coração de Jesus. Que Maria, mãe dos sacerdotes, nos ajude a
ter um coração manso e humilde como o Coração do seu Filho.
E todos, em uníssono, num só coração e numa só
alma, possamos dizer: Sagrado Coração de Jesus, nós temos confiança em vós!
Amém!
Dom Pedro Brito Guimarães
Arcebispo de Palmas
Presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada
Arcebispo de Palmas
Presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada
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