sábado, 22 de fevereiro de 2014

Doutrina Social da Igreja



FONTE: CNBB
Dom Pedro Luiz Stringhini
Diocese de Mogi das Cruzes (SP)

A Doutrina Social da Igreja é uma antologia que apresenta o pensamento dos papas e a palavra do magistério da Igreja acerca da realidade social, política e econômica das nações. Tais documentos impulsionam a Igreja a dar sua contribuição na implantação da justiça e da paz no mundo, inspirando e legitimando a ação solidária dos cristãos em favor dos pobres, trabalhadores, refugiados; das vítimas da fome, das guerras, das catástrofes, do tráfico de seres humanos e de todo tipo de violência.

Tal doutrina evidencia a responsabilidade política de cada cidadão e das instituições no que concerne à organização e funcionamento da sociedade. Orienta católicos e pessoas de boa vontade a empreenderem ações eficazes na implantação do que Paulo VI chamou de ‘civilização do amor’ e João Paulo II denominou ‘globalização da solidariedade’.

O fundamento da doutrina social, antes de tudo, vem da bíblia, isto é, da tradição judaico-cristã. Os profetas do Antigo Testamento ensinam que Deus ama a justiça e o direito e que a verdadeira religião consiste não em ritos vazios, mas na defesa dos pobres, órfãos, viúvas. Denunciam com veemência a violência praticada contra os pequenos, indefesos, camponeses. Os evangelhos narram Jesus curando os doentes e socorrendo os pobres, libertando-os dos sofrimentos e humilhações, perturbações mentais e exclusão social. Nos primeiros séculos do cristianismo, tal ensinamento é propagado por teólogos como Basílio e Crisóstomo, no oriente; Ambrósio e Agostinho, no ocidente.
Contudo, foi no final do século XIX, com a publicação da encíclica Rerum Novarum (“das novas realidades”), pelo Papa Leão XIII, em 1891, que a doutrina social da Igreja começou a ser sistematizada. Nesse tempo, já se podia contar com a reflexão teórica do iluminismo e a contribuição das ciências humanas. No contexto da revolução industrial e do impacto da teoria marxista, a Igreja, tida como distante, alheia e alienada à classe trabalhadora, expressa a preocupação com a realidade social, principalmente com o mundo do trabalho e as precárias condições de vida dos operários.
A palavra de Leão XIII repercutiu na Igreja e no mundo, tornando-se ponto de partida e referência para os papas Pio XI, João XXIII, Paulo VI e João Paulo II, no século vinte; e para Bento XVI, no século vinte e um. Oportunamente, virá o pronunciamento social do Papa Francisco, sobre ecologia.
O documento Gaudium et Spes (1965), constituição dogmática do Concílio Vaticano II, inicia-se com a conhecida afirmação: “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos seres humanos de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração” (n. 1), isto é, no coração da Igreja.

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