FONTE: CNBB - SEXTA, 10 JULHO 2015 18:44
O mês de julho é pleno de memórias importantes: Congresso
Eucarístico Internacional no Rio de Janeiro; visita do Papa Francisco na
Jornada Mundial da Juventude; fundação no Brasil do Movimento Familiar Cristão
no Rio de Janeiro, e a grande primeira visita do Papa São João Paulo II,
permanecendo na cidade maravilhosa os primeiros dias do mês. Ele voltaria
outras duas vezes: para o Encontro Mundial das Famílias e outra fazendo escala
em sua viagem à Argentina. Vamos partilhar um pouco dessa sua primeira visita,
que tanto marcou as nossas terras.
O pontificado de João Paulo II começou em 16 de outubro de 1978 e
desde o início o Santo Papa quis ser peregrino, itinerante e missionário. Em
seus 27 abençoados e fecundos anos de pontificado, realizou 104 viagens apostólicas
aos cinco continentes. Povos de tantas raças, culturas, idiomas e religiões
puderam abraçar e ser abraçados por esse incansável mensageiro da paz.
São João Paulo II sabia que o Brasil era o maior país católico do
mundo. Uma graça especial, mas também uma vocação e compromisso. O desejo do
Papa era conscientizar sobre a necessidade de promover uma cultura da
solidariedade internacional, que constitui uma dimensão essencial do bem comum
da comunidade mundial. O Brasil, tão católico, não poderia ficar de braços
cruzados.
Antes mesmo de chegar ao Brasil, João Paulo II enviara uma
mensagem saudando a Igreja local e seus Pastores, os governantes e responsáveis
pelo bem comum, as famílias, os jovens, as crianças e os que sofrem. Dizia
iniciar essas jornadas pobres de qualquer aparato humano e trazendo uma única
riqueza: um grande afeto pelo povo brasileiro e o desejo profundo de proclamar
o Evangelho e a vontade de contribuir na consolidação da fé cristã da nossa
gente.
Ele foi o primeiro Papa que visitou nosso País, com apenas dois
anos de pontificado. Levou uma multidão de 4,5 milhões de católicos e não
católicos às ruas e mexeu com o Brasil. João Paulo II chegou em 30 de junho a
Brasília, onde realizou o gesto célebre de ajoelhar-se e beijar o chão, saudando
a Terra que acabava de pisar. Até 11 de julho, quando embarcou de volta ao
Vaticano, passou por Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP),
Aparecida (SP), Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Manaus (AM), Recife (PE),
Salvador (BA), Belém do Pará (PA), Teresina (PI) e Fortaleza (CE).
A vinda ao Brasil em 1980 foi a sétima chamada “peregrinação
internacional” de seu papado. Pela tradição da Igreja, antes de João Paulo II
somente um papa, seu antecessor Paulo VI, havia viajado bastante e, mesmo
assim, não tanto quanto ele.
João Paulo II chegou ao Brasil como profeta de Cristo para
anunciar o Evangelho da Vida e denunciar tudo aquilo que ferisse a dignidade
humana em nosso País. Com o coração em Deus e os pés na Terra de Santa Cruz
convidou os brasileiros a trilhar as sendas da justiça e misericórdia para
superar os maiores flagelos da nossa Pátria.
Queremos recordar algumas frases de São João Paulo II naquela
ocasião e que continuam válidas ainda hoje: “Queira Deus que esta perspectiva
ajude o Brasil a construir um convívio social exemplar, superando
desequilíbrios e desigualdades, na justiça e na concórdia, com lucidez e
coragem, sem choques nem rupturas. Este será certamente um eminente serviço à
paz internacional e, portanto, à humanidade”.
“Esta visita ao Brasil que agora começa a realizar-se, foi um
sonho longamente acalentado. Eu desejava por muitos diferentes motivos conhecer
esta Terra”. “Venho porque este País de imensa maioria católica traz
evidentemente em si uma vocação peculiar no mundo contemporâneo e no concerto
das Nações. Em meio às ansiedades e incertezas e, por que não dizê-lo?, aos
sofrimentos e agruras do presente poderá gestar-se um País que amanhã ofereça
muito à grande solidariedade internacional”.
“O Papa pensa em cada um. Ele ama a todos e a todos envia um
cumprimento bem brasileiro: ‘um abraço’! Com este gesto de amizade, recebei os
meus votos de felicidades: Deus abençoe o vosso Brasil. Deus abençoe a todos
vós, brasileiros, com a paz e a prosperidade, a serena concórdia na compreensão
e na fraternidade. Sob o olhar materno e a proteção de Nossa Senhora Aparecida,
Padroeira do Brasil”.
No dia 04 de julho de 1980, João Paulo II fez em Aparecida várias
orações voltadas à Mãe de Deus e nossa. “Nossa Senhora Aparecida! Neste momento
tão solene, tão excepcional, quero abrir diante de Vós, ó Mãe, o coração deste
povo, no meio do qual quisestes morar de um modo tão especial”.
“Maria! Eu Vos saúdo e Vos digo “Ave” neste santuário, onde a
Igreja do Brasil Vos ama, Vos venera e Vos invoca como Aparecida, como revelada
e dada particularmente a ele! Como sua Mãe e Padroeira”!
Neste momento em que a imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida
está percorrendo as “periferias existenciais” de nossa Arquidiocese, convido a
todos para, com São João Paulo II, que possamos rezar confiantes, pedindo paz e
concórdia para a nossa amada cidade do Rio de Janeiro e em favor do êxito das
Santas Missões que se iniciaram no último domingo, e que marcou mais uma vez
minha vida, com a necessidade de pedir e rezar por essa cidade: “O Mãe! Acolhei
em vosso coração todas as famílias brasileiras! Acolhei os adultos e os
anciãos, os jovens e as crianças! Acolhei também os doentes e todos aqueles que
vivem na solidão! Não cesseis, ó Virgem Aparecida, pela vossa mesma presença,
de manifestar nesta Terra que o Amor é mais forte que a morte, mais poderoso
que o pecado! Não cesseis de nos mostrar Deus, que amou tanto o mundo, a ponto
de entregar o seu Filho Unigênito para que nenhum de nós pereça, mas tenha a
vida eterna! Amém”.
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