Bispos divulgam nota sobre a Reforma do Código Penal
Os
bispos reunidos na 50ª Assembleia Geral (AG) no Centro de Eventos Padre
Vitor Coelho de Almeida em Aparecida (SP) aprovaram a criação de uma
comissão para acompanhar o trabalho de reforma do Código penal
Brasileiro, que está sendo feito por um grupo de juristas no Senado
Federal.
De acordo com os bispos, “a revisão do
Código, em conformidade com as conquistas asseguradas pela Constituição
Federal de 1988, requer amplo diálogo com a sociedade, portanto a
legislação se torna mais consistente quando conta com efetiva
participação de representantes dos diversos segmentos sociais em sua
elaboração”.
Segundo dom Dimas Lara Barbosa,
presidente da Comissão Episcopal de Pastoral para a Comunicação da CNBB,
como se trata de um tema abrangente e delicado, as questões levantadas
por alguns setores preocupam a igreja. “Aqueles que defendem a redução
da maioridade penal, a pena de morte, a descriminalização do aborto e
alguns outros temas que não levam em conta em primeiro lugar a pessoa
humana”.
Segue a nota:
NOTA DA CNBB SOBRE A REFORMA DO CÓDIGO PENAL
A Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB), por ocasião da reforma do Código Penal, encaminhada pelo
Senado Federal através de uma Comissão de Juristas, expressa, por missão
e dever, seu interesse em acompanhar o processo em marcha e declarar
seu compromisso de corresponsabilidade na consolidação da democracia.
Preocupam-nos algumas propostas que
devem ser apresentadas pela referida Comissão, relativas aos capítulos
que tratam sobre os crimes contra a vida e contra o patrimônio.
Reconhecemos que, para atender melhor às
exigências da sociedade, o Código Penal em vigor, aprovado em 1940,
precisa incorporar elementos novos, exigência das grandes
transformações, que marcam os tempos atuais, sem prejuízo dos valores
perenes como a vida e a família.
A revisão do Código, em conformidade com
as conquistas asseguradas pela Constituição Federal de 1988, requer
amplo diálogo com a sociedade, porquanto a legislação se torna mais
consistente quando conta com efetiva participação de representantes dos
diversos segmentos sociais em sua elaboração. Tal prática reforça a
democracia e ajuda a população a assimilar melhor as normas jurídicas,
que interferem profundamente em sua vida e nos relacionamentos humanos e
sociais.
Os redatores do novo Código, de posse
das propostas encaminhadas pela Comissão de Juristas, considerem que
toda lei deve ser elaborada, a partir do respeito aos direitos humanos,
na perspectiva de superação da impunidade e a serviço do bem comum. Deve
reconhecer e preservar os princípios éticos e morais bem como os
valores culturais que integram a vida quotidiana do povo brasileiro.
A Lei penal deve ser aplicada tendo por
base os pressupostos de defesa e promoção da dignidade humana em todas
as dimensões, deixando claro que a punição tem como finalidade a
reabilitação do infrator, independente de sua condição social, política,
econômica, étnica, conforme determinam os artigos 3º e 5º da
Constituição.
Esperamos que o sentido de justiça, a
serviço do bem maior – a pessoa humana - anime a todos nesta tarefa,
inspirados na palavra do Beato João Paulo II: “A justiça sozinha não
basta; e pode mesmo chegar a negar-se a si própria, se não se abrir
àquela força mais profunda que é o amor” (Mensagem para o Dia Mundial da
Paz – 2004).
Que o Espírito Santo ilumine o coração e
a mente dos legisladores, Senadores e Deputados Federais, sobre quem
invocamos também a proteção de Nossa Senhora Aparecida para que, em
comunhão com todos os brasileiros, busquem realizar o que Jesus Cristo
nos indica como promessa e tarefa: “Eu vim para que todos tenham vida e
vida em abundancia” (Jo 10,10).
Aparecida-SP, 25 de abril de 2012.
Raymundo Cardeal Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB
Dom José Belisário da Silva
Arcebispo de São Luís do Maranhão – MA
Vice-presidente da CNBB
Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília - DF
Secretário Geral da CNBB
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB
Dom José Belisário da Silva
Arcebispo de São Luís do Maranhão – MA
Vice-presidente da CNBB
Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília - DF
Secretário Geral da CNBB
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