segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

CATEQUESE: Anúncio e Testemunho



Viva com alegria a perseverança do discipulado a serviço da Igreja
“Ora, como invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele que não ouviram? E como o ouvirão, se ninguém o proclamar? E como o proclamarão, se não houver enviados?” (Rm 10,14-15) Com essas interrogações, logicamente encadeadas, São Paulo não isenta os judeus da responsabilidade de não acolher o Messias, porque os apóstolos foram enviados para anunciar-lhes essa boa notícia. Essas perguntas, dos primórdios ao tempo atual, são pertinentes no processo de evangelização.
Na verdade, esta é a razão da catequese: anunciar e fazer discípulos. A catequese é uma ação contínua na vida da Igreja; vem das origens e jamais deixará de ser assumida porque faz parte do seu ser e seu agir. Com efeito, a Catequese é um dos elementos que exprimem, adequadamente, o ser da Igreja, em sua missão de anunciar Jesus Cristo: “Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações” (Mt 28,19) e nisso consiste a face da sua catolicidade; catequizar é uma das práticas que retratam, concretamente, o agir da Igreja, no cumprimento de sua missão, através das Dioceses, e aí está a marca da diversidade, unidade e comunhão. Conforme a doutrina católica, em cada Diocese, “está verdadeiramente presente e operante a Igreja una, santa, católica e apostólica” (CDC, cân. 369).
A catequese na Igreja
O Concílio Vaticano II afirma, na Constituição Dogmática “Lumen Gentium”, sobre a Igreja, “que nosso Salvador depois da Sua ressurreição entregou a Pedro para apascentar (Jo 21,17) e confiou a ele e aos demais apóstolos para a propagar e reger (Mt 28,18ss), levantando-a para sempre como ‘coluna e fundamento da verdade’ (1Tm 3,15). Essa Igreja, constituída e organizada nesse mundo como uma sociedade, subsiste na Igreja Católica governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele, embora fora de sua visível estrutura se encontrem vários elementos de santificação e verdade” (LG, 8).
Essas notas distintivas da Igreja – unidade, santidade, catolicidade e apostolicidade – se encontram no coração e nos lábios de Jesus e vão se tornando visíveis na Igreja, na medida em que o anúncio do Evangelho ultrapassa os limites geográficos da Palestina e não se limita ao universo judaico, mediante a ação missionária dos Apóstolos, dos primeiros discípulos e das lideranças pastorais nas comunidades locais. Entender o ser da Igreja, portanto, é requisito para compreender o agir da Igreja, onde quer que esteja presente.
A Palavra de Deus é a fonte primeira da catequese.
São Paulo reconhecia o seu lugar na formação cristã: “Toda Escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para argumentar, para corrigir, para educar conforme a justiça” (2Tm 3,16). A Igreja, mãe e mestra, “transmite e esclarece os fatos e palavras da Revelação e à sua luz, interpreta os sinais dos tempos e a nossa vida nos quais se realiza o desígnio salvífíco de Deus”. Cada “catequista experimenta a Palavra de Deus em sua boca, na medida em que, servindo-se da Sagrada Escritura e dos ensinamentos da Igreja, vivendo e testemunhando sua fé na comunidade e no mundo, transmite para seus irmãos esta experiência de Deus.”
5 fontes da catequese católica encontra-se no Magistério da Igreja
1º. Catecismo da Igreja Católica, com as verdades fundamentais da fé cristã;
2º. Diretório Geral para a Catequese, tratando “dos princípios e do ordenamento fundamentais da formação cristã”;
3º. Compêndio do Catecismo da Igreja Católica é “um resumo do Catecismo da Igreja Católica, sob a forma de perguntas e respostas, publicado pela Igreja Católica em 2005, e que contém de forma resumida os principais elementos da doutrina e moral católicas”;
4º. Carta Apostólica do Papa Paulo VI, “Evangelii Nuntiandi”, sobre a evangelização no mundo contemporâneo, vê a “comunidade evangelizada e evangelizadora”;
5º. João Paulo II, na Exortação Apostólica “Catechesi Tradendae”, “sobre a catequese de nosso tempo”, a catequese é “direito e dever da Igreja”.
Por sua vez, a Igreja no Brasil editou Documentos que iluminam a prática da catequese, como a Catequese Renovada, Orientações e Conteúdo, visando “uma catequese inserida na realidade e de caráter transformador.” Aprovado pela CNBB, na Assembleia Geral de 2005, o primeiro Diretório Nacional de Catequese tem o objetivo de “apresentar a natureza e finalidade da catequese, traçar os critérios de ação catequética, orientar, coordenar e estimular a atividade catequética nas diversas regiões.”
Instâncias da ação catequética da Igreja
Em razão de sua Organização, definida estatutária e regimentalmente, a CNBB tem o seu olhar pastoral sobre a catequese nacional, por meio do Conselho Episcopal Pastoral e, especificamente, da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética; considerando as peculiaridades regionais no Brasil, o faz por meio dos Conselhos Episcopais Regionais. As Igrejas Particulares, de sua parte, por meio de Diretórios ou de outros subsídios pertinentes, imprimem à catequese diocesana orientações que contemplam sua realidade pastoral, com ênfase na catequese paroquial onde, mais diretamente, se desenvolve a formação cristã. Por conseguinte, a catequese é missão da Igreja, assumida na sua feição católica e em sua expressão local, como Conferência Episcopal, Igreja diocesana, instância paroquial e nível comunitário.
Anúncio e discipulado
O primeiro anúncio – o querigma – é o início de toda a ação evangelizadora da Igreja. O encontro pessoal com Jesus Cristo crucificado e ressuscitado sempre provoca um impacto, como ocorreu com Pedro e Paulo, protótipos do “anúncio querigmático”; não lhes bastaram a alegria, a felicidade e a paz pessoais; sentiram-se impulsionados a anunciar Jesus Cristo, respectivamente, entre os judeus e os gentios. O querigma, por conseguinte, é inerente ao ser da Igreja e, por implicação, a catequese faz parte do seu agir.
De fato, cabe à Igreja anunciar Jesus Cristo às pessoas e, por meio de uma adequada pedagogia catequética, firmar na fé cristã aquelas que a abraçaram, por terem recebido os Sacramentos da iniciação cristã. A esse respeito, a Conferência de Aparecida, afirma: “A iniciação cristã, que inclui o querigma, é a maneira prática de colocar alguém em contato com Jesus Cristo e iniciá-lo no discipulado. Dá-nos, também, a oportunidade de fortalecer a unidade dos três sacramentos da iniciação, e aprofundar o rico sentido deles” (DAp, 288). Assim, o catequista anuncia Jesus Cristo; o catequizando ouve o anúncio, adere ao Senhor e se torna seu discípulo.
Dessa maneira, considerando o fato de a catequese de iniciação cristã acontecer, em escala maior, no nível paroquial, o Documento de Aparecida aponta-lhe algumas “tarefas irrenunciáveis: iniciar na vida cristã os adultos batizados e não suficientemente evangelizados; educar na fé as crianças batizadas em um processo que as leve a completar sua iniciação cristã; iniciar os não batizados que, havendo escutado o querigma, querem abraçar a fé” (DAp, 293). No processo da evangelização das pessoas, no contexto de sua vida e de suas relações comunitárias, a catequese tem um papel fundamental a desempenhar como anúncio, gerador de discipulado e de missão.
Ano Catequético
A celebração do Ano Catequético Nacional é uma rica oportunidade para que as Dioceses, Paróquias e Comunidades manifestem, nas mais diversas formas, seu reconhecimento aos dedicados animadores da catequese que exercem, há muito tempo, aquilo que hoje se chama “trabalho voluntário”. Na verdade, o serviço da catequese é um dos mais antigos e mais presentes na Igreja, graças aos inúmeros e generosos catequistas. No espírito da profecia – “Que beleza, pelas montanhas, os passos de quem traz boas-novas” (Is 52,7) – e das bem-aventuranças, considerem-se felizes os catequistas porque, com seu anúncio e testemunho, geram discípulos do Senhor e, por isso, “serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9).   
Dom Genival Saraiva de França é Bispo de Palmares/PE.
Publicado em 23 de outubro de 2009 na Seção: Pastoral da Catequese, Página Inicial
http://revistaparoquias1.hospedagemdesites.ws/?p=1249

Nenhum comentário:

Postar um comentário