sexta-feira, 19 de maio de 2017

Neopentecostalismo: diálogo ecumênico acontece na vida cotidiana

19/05/2017 CNBB   Ecumenismo

A Semana de Oração pela Unidade Cristã (SOUC), que terá início no domingo da Ascenção do Senhor, dia 28 de maio, é um momento promovido para conclamar cristãos e cristãs, de todas as denominações, à unidade. Para além da oração, ações em vista do diálogo e da busca pela unidade dos cristãos têm sido desenvolvidas pela Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Um ambiente “delicado e desafiador” para promoção deste trabalho é o contexto das igrejas neopentecostais.

De acordo com o assessor da Comissão para o Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso da CNBB, padre Marcus Barbosa Guimarães, o principal trabalho tem sido aprofundar, através de leituras e encontros de formação – alguns desses, com a presença de pastores pentecostais -, o crescente e complexo movimento pentecostal e neopentecostal. Para Guimarães, o pentecostalismo é “uma ‘nova janela aberta’ para o ecumenismo”.
Padre Marcus considera urgente encontrar caminhos de aproximação católico-pentecostal, promovendo, com as pessoas e comunidades pentecostais que se abrem ao diálogo, o conhecimento, a amizade e o respeito mútuos, a convivência e o testemunho comum.
Uma análise de conjuntura eclesial apresentada em fevereiro deste ao Conselho Episcopal Pastoral (Consep) da CNBB aponta esta vertente protestante como “comunidades de estilo evangélico, fundamentalista e espontaneísta, que se distanciam da tradição unitária católica, rompendo o próprio tecido social” predominantes na América Latina.
Nem sempre abertos ao diálogo, muitos dos pentecostais “têm posturas agressivas e ativamente proselitistas”. Entretanto, segundo o texto, se o diálogo ecumênico em sentido próprio é pouco viável, permanece a possibilidade do diálogo entre sujeitos, inserido nas várias circunstâncias da vida cotidiana. É o que padre Marcus chama de “ecumenismo de amizade”, que está presente no plano local, sobretudo na família, no trabalho, na vizinhança e na área social.
Fenômeno crescente
O pentecostalismo é uma realidade no mundo. Atualmente engloba cerca 650 milhões de fiéis de diversas denominações. Presente no Brasil desde 1910, com a chegada da igreja Congregação Cristã no Brasil – considerada pelos sociólogos da religião uma igreja clássica neste contexto -, o movimento pentecostal cresceu no meio do século e iniciou nas décadas de 1970 e 1980 a “terceira onda”, conhecida como neopentecostalismo.
“Uma das particularidades que se tem nas igrejas neopentecostais em relação às clássicas, além dos dons da glossolalia, da cura, da profecia e do exorcismo típicas do pentecostalismo, é a forte ênfase na teologia da prosperidade. Este tem sido um dos principais elementos do maior fenômeno ocorrido no protestantismo brasileiro nas últimas décadas que tem a sua máxima expressão a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD).
Com base nos dados do Censo Demográfico de 2010, cinco igrejas concentram nada menos que 85% dos pentecostais do país: Assembleia de Deus (12.314.410 adeptos), Congregação Cristã no Brasil (2.289.634), Igreja Universal do Reino de Deus (1.873.243), Igreja do Evangelho Quadrangular (1.808.389) e Igreja Pentecostal Deus é Amor (845.383). Em 2010, a Assembleia de Deus sozinha, já quase centenária e dividida em várias denominações, concentrava quase uma terça parte dos neopentecostais (30%) do Brasil.

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