Ao prometerem fidelidade para sempre, muitos esposos
"têm a boa vontade, mas não têm a consciência"
Ao abrir o
Congresso Diocesano de Roma sobre a família, na basílica de São João de Latrão,
o Papa Francisco respondeu espontaneamente às perguntas
de um sacerdotes e de dois catequistas presentes. Os temas abordados nas duas
primeiras questões foram os efeitos do individualismo no seio da família e na
pastoral familiar e o perigo de uma “dupla moral” nas paróquias, caindo-se ou
em excessos de rigor ou na leniência.
A terceira questão tratou da crise
do matrimônio – e
foi transformada na mais recente “polêmica” midiática em torno a declarações do
Santo Padre.
Francisco afirmou que “uma grande maioria de nossos matrimônios
sacramentais é nula“. O motivo desta nulidade? Os esposos prometem
fidelidade para a vida inteira, mas, na realidade, “não sabem o que dizem, porque têm outra
cultura. Dizem, e têm a boa vontade, mas não têm a consciência”.
O problema está, segundo o papa, na preparação para o matrimônio: “não se
sabe o que é o sacramento, a beleza do sacramento; não se sabe que ele é
indissolúvel, não se sabe que ele é para a vida inteira“.
Francisco destacou ainda a importância da paciência na pastoral
matrimonial, evocando o “apostolado da escuta, do ouvir, do
acompanhar“, e aproveitou para renovar um conselho que já tinha
dado em ocasiões anteriores aos casais: “Nunca terminem o dia sem fazer as pazes“.
A POLÊMICA
Setores da mídia divulgaram que as palavras do papa teriam causado
“controvérsias entre os mais conservadores” e destacaram que, na transcrição
oficial do discurso de Francisco, a frase “uma grande maioria de nossos matrimônios
sacramentais é nula” foi substituída por outra: “uma
parte de nossos matrimônios sacramentais é nula“.
OS ESCLARECIMENTOS
A pedido do próprio Santo Padre, o porta-voz da Santa Sé, pe.
Federico Lombardi, esclareceu a declaração sobre os matrimônios nulos. Lombardi
explicou:
“Depois
da terceira pergunta, feita por um leigo, o papa, na resposta dada de maneira
improvisada sobre a cultura do provisório, disse verbalmente: ‘Por isso, uma
grande maioria de nossos matrimônios sacramentais é nula’, enquanto o texto da
Sala de Imprensa de hoje diz que ‘uma parte de nossos matrimônios sacramentais
é nula’. Por que ocorreu esta mudança? Será que é uma manipulação do que o papa
disse? A resposta é que, quando o papa fala ‘de maneira improvisada’,
espontaneamente, o texto transcrito sempre precisa passar por uma revisão do
responsável pelo cuidado dos textos do papa, para verificar a linguagem ou
eventuais inexatidões ou pontos específicos que seria oportuno precisar. Quando
são tocados temas de uma certa relevância, o texto revisado é sempre submetido
ao próprio papa. Foi o que aconteceu neste caso. Portanto, o texto publicado
foi aprovado expressamente pelo papa“.
O FATO
Embora sempre haja quem prefira polemizar quanto à forma, o que de
fato exige atenção, como sempre, é o conteúdo para o qual o Santo Padre nos alerta:
o fato real da inconsciência de muitos casais a respeito da profundidade do
próprio compromisso matrimonial indissolúvel.
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