terça-feira, 5 de junho de 2012

Família, trabalho e a festa



Seg, 04 de Junho de 2012 14:48 por: cnbb



Dom Anuar Battisti
Arcebispo de Maringá (PR)

Nesse domingo (03) terminou o sétimo Encontro Mundial das Famílias em Milão, Itália. “Família, trabalho e a festa” foi o tema norteador de todas as reflexões. A presença do Papa Bento XVI durante três dias do encontro deu a todas as famílias um novo entusiasmo na missão.

Ao analisar este tema entendi que a família não vive do vento; ela precisa trabalhar. Ao mesmo tempo precisa fazer festa; festa no sentido de encontro, de descanso, de ter tempo para
promover relacionamentos verdadeiros e reavivar os laços de família.

O perigo de que o trabalho se torne um ídolo é válido também para as famílias. Isso acontece quando a atividade do trabalho detém o primado absoluto perante as relações familiares, quando os cônjuges se sentem obcecados pelo lucro econômico e depositam a felicidade unicamente no bem-estar material.

O risco dos trabalhadores, em todas as épocas, é de se esquecerem de Deus, deixando-se absorver completamente pelas ocupações mundanas, na convicção de que nelas se encontra a satisfação de todos os seus desejos.

Infelizmente, a necessidade de sustentar a família, muitas vezes não proporciona aos cônjuges a possibilidade de escolher com sabedoria e harmonia.

“No sétimo dia, Deus concluiu toda obra que tinha feito; e no sétimo dia descansou de toda obra que fizera. Deus abençoou o sétimo dia e o santificou, pois nesse dia Deus repousou de toda a obra da criação” (Gn 2,2-3). O sétimo dia é, para os cristãos, o “dia do Senhor”, porque celebra o Ressuscitado presente e vivo no seio da comunidade cristã, na família e na vida pessoal.

O ser humano moderno perdeu o sentido verdadeiro da festa. É necessário recuperar o sentido da festa, e de modo particular do domingo, como um “tempo para ser humano”. Aliás, um tempo para a família. Não somos máquinas para produzir e ganhar dinheiro; somos gente que precisa ser gente, ser humano em relações com os outros e com Deus.

Mais do que nunca, hoje, as famílias necessitam descobrir a festa como lugar do encontro com Deus e da aproximação entre os membros da família, criando um ambiente de pessoas que se querem bem. A mesa dominical deve ser diferente dos outros dias, não só pela comida, e sim pelo encontro familiar.

O dia do Senhor deve ser vivido como um tempo para Deus, espaço de comunhão e fraternidade na família e na comunidade, sem esquecer-se do amor aos pobres. Para experimentar a presença do Senhor ressuscitado, a família é exortada, aos domingos em especial, a deixar-se iluminar pela Eucaristia.

No domingo, a família encontra o sentido e a razão da semana que se inicia. Hoje, mais do que nunca, as famílias necessitam resgatar o justo valor do trabalho, sem esquecer-se da festa dominical com o Senhor, e com os irmãos. “Nada adianta ganhar o mundo inteiro se vier perder a sua alma” (Mc 8,36). Que Deus abençoe as nossas famílias!

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