Sexta-feira, 25 de novembro de 2011,
12h07
Discurso do Papa ao Pontifício Conselho para os Leigos - 2011
Boletim da Sala de Imprensa da Santa
Sé
(tradução de Leonardo Meira - equipe CN Notícias)
Discurso
Aos participantes da Assembleia Plenária do Pontifício Conselho para os Leigos
Sala Clementina
Sexta-feira, 25 de novembro de 2011
Aos participantes da Assembleia Plenária do Pontifício Conselho para os Leigos
Sala Clementina
Sexta-feira, 25 de novembro de 2011
Senhores Cardeais,
Venerados Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio,
Queridos irmãos e irmãs!
Estou feliz por encontrar a todos vós, membros e consultores do
Pontifício Conselho para os Leigos, reunidos para a
XXV Assembleia Plenária. Saúdo de modo particular o Cardeal Stanisław Ryłko e
agradeço-o pelas cordiais palavras que me dirigiu, bem como a Dom Josef
Clemens, secretário. Uma cordial boas-vindas a todos, de modo especial aos
fiéis leigos, mulheres e homens, que compõem o Dicastério. O período
transcorrido desde a última Assembleia Plenária empenhou-vos em várias
iniciativas, entre as quais gostaria de recordar o Congresso para os Fiéis Leigos da Ásia e a Jornada Mundial da Juventude de Madri. Foram momentos
muitos intensos de fé e de vida eclesial, importantes também na perspectiva dos
grandes eventos eclesiais que celebraremos no próximo ano: a XIII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos
sobre a Nova Evangelização e a abertura do Ano da Fé.
O Congresso para os Leigos da Ásia foi organizado no ano passado em Seul, com o
auxílio da Igreja na Coreia, com o tema "Proclaiming Jesus Christ in
Asia Today" (Proclamando Jesus Cristo na Ásia Hoje). O
vastíssimo continente asiático hospeda povos, culturas e religiões diversas, de
antiga origem, mas o anúncio cristão chegou até agora somente a uma pequena
minoria, que não raramente vive a fé em um contexto difícil, às vezes também de
verdadeira perseguição. O Congresso ofereceu a ocasião aos fiéis leigos, às
associações, aos movimentos e às novas comunidades que trabalham na Ásia,
reforçar o compromisso e a coragem para a missão. Esses nossos irmãos
testemunham de modo admirável a sua adesão a Cristo, deixando entrever como, na
Ásia, graças à sua fé, se estão abrindo para a Igreja do terceiro milênio
vastos cenários de evangelização. Aprecio que o Pontifício Conselho para os
Leigos esteja organizando um análogo Congresso para os Leigos da África,
previsto para o Camarões no próximo ano. Tais encontros continentais são
preciosos para dar impulso à obra de evangelização, para reforçar a unidade e
tornar sempre mais saudáveis os laçoes entre Igrejas particulares e a Igreja
universal.
Gostaria, além disso, de atrair a atenção à última Jornada Mundial da Juventude
em Madri. O tema era a fé: "Enraizados e edificados em Cristo, firmes na
fé" (cf. Col 2,7). E, verdadeiramente, pude contemplar uma multidão
imensa de jovens, reunidos entusiasmados de todo o mundo para encontrar o
Senhor e viver a fraternidade universal. Uma extraordinária cascata de luz, de
alegria e de esperança iluminou Madri, mas também a velha Europa e o mundo
inteiro, repropondo de modo claro modo claro a atualidade da busca de Deus.
Ninguém pôde permanecer indiferente, ninguém pôde pensar que a questão de Deus
seja irrelevante para o homem de hoje. Os jovens do mundo inteiro esperam com
anseio poder celebrar as Jornadas Mundias a eles dedicadas, e sei que já
começou o trabalho para o evento no Rio de Janeiro, em 2013.
A esse propósito, parece-me particularmente importante terdes desejado afrontar
este ano, na Assembleia Plenária, o tema de Deus: "A questão de Deus
hoje". Não deveremos nunca nos cansar de repropor tal pergunta, de
"recomeçar de Deus", para dar novamente ao homem a totalidade das
suas dimensões, a sua plena dignidade. De fato, uma mentalidade que andou
difundindo-se no nosso tempo, renunciando a toda a referência ao transcendente,
demonstrou-se incapaz de compreender e preservar o humano. A difusão desta
mentalidade gerou a crise que vivemos hoje, que é crise de significado e de
valores, antes que crise econômica e social. O homem que busca existir
somente positivisticamente, no calculável e mensurável, no fim, fica sufocado.
Nesse quadro, a questão de Deus é, em um certo sentido, "a questão das
questões". Essa reporta-nos às questões de fundo do homem, às aspirações
de verdade, de felicidade e de liberdade inerentes ao seu coração, que buscam
uma realização. O homem que desperta em si a questão de Deus abre-se à
esperança, a uma esperança confiável, pela qual vale a pena enfrentar o cansaço
do caminho no presente (cf. Spe salvi, 1).
Mas como despertar a questão sobre Deus, para que seja a questão
fundamental? Queridos amigos, se é verdade que "o início do ser
cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um
acontecimento, com uma Pessoa" (Deus caritas est, 1), a questão
sobre Deus é despertada pelo encontro com quem tem o dom da fé, com quem tem
uma relação vital com o Senhor. Deus é conhecido através dos homens e mulheres
que o conhecem: a estrada rumo a Ele passa, de modo concreto, através de quem a
encontrou. Aqui o vosso papel de fiéis leigos é particularmente importante.
Como observa a Christifideles laici, é essa a vossa
específica vocação: na missão da Igreja "... lugar de relevo, em razão da
sua 'índole secular', que os empenha, com modalidades próprias e
insubstituíveis, na animação cristã da ordem temporal" (n. 36). Sois
chamados a oferecer um testemunho transparente da relevância da questão de Deus
em cada campo do pensar e do agir. Na família, no trabalho, bem como na
política e na economia, o homem contemporâneo tem necessidade de ver com os
próprios olhos e de tocar com as mãos como, com Deus ou sem Deus, tudo muda.
Mas o desafio de uma mentalidade fechada ao transcendente obriga também os
mesmos cristãos a tornar de modo mais decidido a centralidade de Deus. Às
vezes, preocupa-nos que a presença dos cristãos no social, na política ou na
economia resulte mais incisiva, e talvez não tenhamos nos preocupado com a
solidez de sua fé, como se fosse um dado adquirido de uma vez por todas. Na
realidade, os cristãos não habitam um planeta distante, imune às
"doenças" do mundo, mas partilham das turbulências, desorientação e
dificuldades do seu tempo. Por isso, não é menos urgente repropor a questão
de Deus também no mesmo tecido eclesial. Quantas vezes, não obstante o se
definir cristãos, Deus, de fato, não é o ponto de referência central no modo de
pensar e de agir nas escolhas fundamentais da vida. A primeira resposta ao
grande desafio do nosso tempo está, portanto, na profunda conversão do nosso
coração, para que o Batismo que nos tornou luz do mundo e sal da terra possa
verdadeiramente transformar-nos.
Queridos amigos, a missão da Igreja tem necessidade da contribuição de todos
os seus membros e de cada um, especialmente dos fiéis leigos. Nos ambientes
de vida em que o Senhor vos chamou, sede testemunhas corajosas do Deus de Jesus
Cristo, vivendo o vosso Batismo. Por isso, confio-vos à intercessão da Beata
Virgem Maria, Mãe de todos os povos, e de coração concedo a vós e aos vossos
queridos a Bênção Apostólica.
Fonte: http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=284386
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