Norte 3 (Tocantins e norte de Goiás)
FONTE:CNBB (SEXTA, 05 JUNHO 2015 16:01)
O regional Norte 3 da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu nota explicativa sobre
os Planos de Educação, diante do contexto de aprovação no país das Diretrizes,
Metas, Estratégias dos Planos Estadual e Municipal de Educação (2015-2025), que
pretendem incluir a ideologia de gênero nas escolas e a possibilidade de
ensinar, a partir dos três anos de idade, que não existe diferença entre homem
e mulher. O texto recorda que "a ideologia de gênero, ao proclamar a
absoluta liberdade de construir a própria identidade sexual, uma vez aplicada,
destrói o ser humano em sua integralidade e, por conseguinte, a sociedade, cuja
célula-mãe é a família". Confira a íntegra da nota:
NOTA EXPLICATIVA SOBRE OS PLANOS DE EDUCAÇÃO
Aos presbíteros, Religiosos,
Religiosas, Diáconos, Professores, Educadores, Pastores das Igrejas
Evangélicas, homens e mulheres de boa vontade
“A ideologia de
gênero é contrária ao plano de Deus!” (Papa Francisco)
O Brasil está se mobilizando para
aprovar as Diretrizes, as Metas, as Estratégias dos Planos Estadual e Municipal
de Educação (2015-2025), com base na Lei 13.005/2014, que, segundo consta no
Documento de Referência, para uma educação integral e humanizada. É louvável
esta iniciativa. Todos nós somos conscientes que sem uma educação de qualidade
o Brasil não se desenvolverá. O problema, no entanto, é o que está sendo
proposto nos referidos Planos, como destacaremos a seguir:
1. Em 2014, o governo
federal tentou aprovar no Congresso Nacional a introdução da linguagem de
gênero no Plano Nacional de Educação (PNE 2014-2024). Queria-se introduzir na
educação brasileira a possibilidade de ensinar, a partir dos três anos de
idade, que não existe diferença entre homem e mulher. Essa ideologia, de
maneira oculta e à revelia da população brasileira, pretende acabar com as
bases da nossa cultura e fundar uma nova ordem em que cada um pode decidir
autonomamente e de maneira não definitiva a própria orientação sexual ou livre
opção sexual.
2. O ponto que mais nos
preocupa é a estratégia de número 12.6, que reza o seguinte: "garantir
condições institucionais para o debate e a promoção da diversidade
étnico-racial, de gênero, diversidade sexual e religiosa, por meio de políticas
pedagógicas e de gestão específicas para esse fim".
3. Existem organizações
nacionais e internacionais muito ocupadas em destruir a família natural,
constituída por um pai, uma mãe e seus filhos. Hoje um dos recursos mais perigosos
para atentar contra a família se chama “ideologia de gênero”.
4. A ideologia de gênero
também denominada de “teoria de gênero” ou “perspectiva de gênero” ensina que
ninguém nasce homem ou mulher e que todos devem construir sua própria
identidade, isto é, seu gênero, ao longo de sua vida. Segundo os teóricos de
gênero, cada um deveria ser identificado não por seu sexo biológico, mas pela
identidade que ele constrói para si mesmo.
5. No número 40 do
Documento de Aparecida já alertou que “entre os pressupostos que enfraquecem e
menosprezam a vida familiar, encontramos a ideologia de gênero, segundo a qual
um pode escolher sua orientação sexual, sem levar em consideração as diferenças
dadas pela natureza humana. Isso tem provocado modificações legais que ferem gravemente
a dignidade do matrimônio, o respeito ao direito à vida e a identidade da
família”.
6. Segundo o Papa
emérito Bento XVI, a ideologia de gênero “contesta o fato de o homem possuir
uma natureza corpórea pré-constituída (...) nega a sua própria natureza,
decidindo que esta não lhe é dada como um facto pré-constituído, mas é ele
próprio quem a cria. (...) Homem e mulher como realidade da criação, como
natureza da pessoa humana, já não existem. (...). A manipulação da natureza,
que hoje deploramos relativamente ao meio ambiente, torna-se aqui a escolha
básica do homem a respeito de si mesmo. (...) Se não há (...) homem e mulher
como um dado da criação, então deixa de existir também a família como realidade
pré-estabelecida pela criação. Mas, em tal caso (...) o filho, de sujeito
jurídico que era, com direito próprio, passa agora necessariamente a objeto, ao
qual se tem direito e que, como objeto de um direito, se pode adquirir. Na luta
pela família, está em jogo o próprio homem. E torna-se evidente que, onde Deus
é negado, dissolve-se também a dignidade do homem. Quem defende Deus, defende o
homem.”
7. O Papa Francisco,
recentemente, afirmou que a ideologia de gênero é um erro da mente humana que
provoca muita confusão e ataca a família. O papa lamentou a prática ocidental
de impor uma agenda de gênero a outras nações por meio de ajuda externa. Chamou
isso de “colonização ideológica”, comparando-o à máquina de propaganda nazista.
Segundo ele, existem “Herodes” modernos que “destroem e tramam projetos de
morte, que desfiguram a face do homem e da mulher, destruindo a criação.”
8. A ideologia de
gênero, ao proclamar a absoluta liberdade de construir a própria identidade
sexual, uma vez aplicada, destrói o ser humano em sua integralidade e, por
conseguinte, a sociedade, cuja célula-mãe é a família. Todas as orientações
sexuais reconhecidas como “gêneros” ou variantes lícitas seriam legitimadas,
ensinadas, legalmente praticadas e oferecidas como opções sexuais às nossas
crianças por meio da rede de ensino pública e privada.
9. A introdução da
igualdade de gênero e da livre opção sexual em leis federais, estaduais ou
municipais, especialmente nas que tratam da Educação, será certamente
acompanhada pela introdução da disciplina de Educação Sexual nos currículos da
Educação Básica de escolas públicas e privadas, em todos os níveis e
modalidades. Nossas crianças deverão aprender que não são meninos ou meninas, e
que precisam inventar um gênero para si mesmas. Para isso receberão materiais
didáticos destinados a deformarem sua identidade. Sendo obrigatório por lei, os
pais que se opuserem, poderão ser criminalizados por isso.
10.
Como podemos ter certeza de que tudo isso de fato acontecerá? Porque
exatamente isso já está acontecendo em países da América e da Europa, onde,
como na Alemanha, já há pais que são detidos, porque seus filhos se recusam a
assistir às aulas de gênero.
11.
Frente a essa gravíssima situação, os bispos do Estado do Tocantins
conclamam aos fiéis católicos do Estado a acompanhar com responsabilidade as
discussões e decisões dos gestores do Estado e dos Municípios, a formação
escolar dos próprios filhos e as decisões tomadas em cada estabelecimento de
ensino, dando o próprio testemunho cristão, e posicionando-se corajosamente
contra a ideologia de gênero em todos os ambientes que frequentam.
12.
Expressamos veementemente o nosso desejo de que todas as forças vivas do
Estado se unam em defesa da vida, da família e da sociedade em geral. Que as
futuras gerações possam ter a certeza de que não fomos omissos e de que
lutamos, dentro da lei e da ordem, contra os prejuízos de uma ideologia
perigosamente revolucionária.
Fraternalmente,
Dom Philip Dickmans
Presidente
Regional Norte 3 da CNBB e
Bispo da Diocese de Miracema do
Tocantins
Dom Pedro Brito Guimarães – Arcebispo de Palmas
Dom Romualdo Matias Kujawski – Bispo da Diocese de Porto Nacional
Dom Giovane Pereira de Melo – Bispo da Diocese de
Tocantinópolis
Dom Rodolfo Luiz Weber - Bispo da Prelazia de
Cristalândia
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