22 Novembro 2014
Apresentação
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A Igreja é Povo de Deus, realidade fundada num só Senhor, numa só fé e
num só Batismo (Ef 4,5).
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Todos os membros têm uma mesma dignidade e não há desigualdade em Cristo
e na Igreja. “Todos vós sois um” (Gl 3,28).
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O importante para o povo sacerdotal é dar testemunho de Cristo e razão
da esperança de vida eterna (I Pd 3,15).
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A Igreja tem uma variedade de ministérios, carismas e serviços, formando
uma diversidade, mas na unidade do Espírito Santo.
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Por isto ela deve ser consoladora, samaritana, profética, serviçal e
maternal.
Introdução
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Celebrando os 50 anos do Vaticano II, a Igreja vive um “novo
Pentecostes”, vendo os leigos como Igreja e não simples fieis.
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Sua missão passa pelo mundo do individualismo onde deve ser servidora da
humanidade, superando o relativismo, o laicismo e a dicotomia entre Igreja e
mundo.
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A Igreja deve ser sujeito eclesial, aggiornada para atender as
exigências do mundo moderno, estando sempre em saída.
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Toda ação da Igreja, para produzir bons frutos, tem que fazer um
encontro pessoal com Jesus Cristo. Isto implica conversão e aprendizado.
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O leigo em saída é a Igreja referenciada pelo Reino e direcionada para o
mundo, onde deve se encarnar como fermento na massa, sal da terra e testemunha
como luz.
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É importante o leigo ter a consciência de ser Igreja e não somente de
pertencer à Igreja, porque cada batizado é portador da graça e da tarefa de
evangelizar.
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A ação do leigo santifica a Igreja e o próprio mundo. Para isto ele deve
superar o clericalismo, o individualismo (fechar-se em si) e o comunitarismo
(fechar-se em grupo).
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Ser sujeito eclesial não é uma realidade pronta, mas um dom que se faz
tarefa permanente para toda a Igreja, em sua missão evangelizadora.
CAP I: O mundo atual:
esperanças e angústias
I.1. A inserção e o discernimento dos
cristãos no mundo
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O mundo é o lugar da ação consciente, autônoma e criativa do cristão.
Não pode ser alienação e nem fuga das condições de discípulos missionários.
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Como Povo de Deus, o leigo participa da história humana, fazendo isto
com um olhar de fé e de razão, sabendo ler os sinais dos tempos com mentalidade
de hoje.
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O cristão deve ser sujeito eclesial e histórico no mundo, enfrentando os
desafios, as angústias, as indiferenças e as ofertas de bem-estar do consumismo.
I.2. O mundo globalizado
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Tudo está de alguma forma, conectado planetariamente, tendo como bases:
as tecnologias, a organização financeira, o sistema social, a cidade, a cultura
urbana etc.
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Isto ocasiona facilidades, possibilidades, satisfações, ilusões e
ambiguidades. Mas o cristão deve viver no mundo sem ser do mundo.
I.3. Características do mundo
globalizado
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Há uma forte busca de satisfação nas práticas do consumo. A alma do
mercado entra na vida das pessoas criando um círculo virtuoso-vicioso, como
ápice da mundialização.
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Lógica do bem-estar: satisfação individual e indiferença, supremacia do
desejo, predomínio da aparência, inclusão perversa e falsa satisfação.
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Um sistema com contradições: desenvolvimento de um lado e desemprego,
falta de moradia, fome e violência de outro. Uma humanidade dividida.
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É preciso dizer não ao mundo rico e ao mundo pobre, que estão numa busca
desigual de bem-estar, e ilusória para ambos.
I.4. Consequências
socioculturais
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A sociedade se organiza a partir de um aspecto global incluindo as
diferenças econômicas, sociais, políticas, culturais e religiosas.
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Mas provoca isolamento inclusive no espaço doméstico das relações
familiares, no espaço público, nas relações anônimas dos pequenos e grandes
aglomerados.
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Dentro da pluralidade e do relativismo temos os fundamentalistas, as
tribos urbanas, as comunidades alternativas e grupos religiosos.
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Temos hoje o comunitarismo, pessoas sem nome e sem endereço que se
aglomeram para reivindicar interesses comuns, que desafiam a compreensão dos
analistas.
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A pluralidade é característica dos nossos tempos, muito presente no
ambiente urbano e na cultura midiática, desprezando as ideologias tradicionais
e valores culturais.
I.5 As tendências eclesiais
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Forte individualismo com espiritualidade intimista e tendência social no
anonimato, massificação, com experiência de comunitarismo religioso
fundamentalista e sectário.
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O papa Francisco definiu isto como “mundanismo espiritual”, que se
esconde por detrás das aparências de religiosidade, que busca a glória humana e
o bem-estar pessoal.
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O papa diz que há uma suposta segurança doutrinal ou disciplinar que dá
lugar a um elitismo narcisista (paixão por si mesmo) e autoritário.
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O clericalismo se estrutura articulado com o individualismo, ou
passividade individual e tem ganhado força hoje.
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O comunitarismo afirma a obediência à norma como regra de comportamento,
sem compromisso social.
I.6. Alguns discernimentos
necessários
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Tendências: vivência e relacionamentos individuais; vida comunitária
separada do resto do mundo; hierarquia como fonte e centro da vida eclesial.
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Termos concretos: nem individualismo e nem comunitarismo. Ambas são
situações descompromissadas com a realidade social e comunitária, que nem
reproduzem e nem negam o mundo atual.
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A postura cristã tem que ser de discernimento e de diálogo, de liberdade
e de adesão a Jesus Cristo, que nos convida a segui-lo. “Se alguém quiser vir
após mim, renuncie a si mesmo...” (Mt 16,24).
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Distinguir: pluralidade, secularidade, benefícios, consumo, uso do
dinheiro, autonomia e liberdade individual, valores e instituições
tradicionais, vivência comunitária e uso de redes nas relações humanas.
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Temos que assumir uma postura proativa que diz não e que é capaz de
ações afirmativas transformadoras da realidade dentro e fora da Igreja.
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A Igreja é chamada a ser: escola de vivência cristã, organização
comunitária, comunidade inserida, grupo de seguidores, povo de Deus e
comunidade que se abre para as urgências do mundo e se renova.
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A Igreja caminha com lucidez e esperança, com paciência e caridade, com
coragem e humildade, agora “em saída” e de portas abertas no seguimento do
pedido do papa Francisco.
CAP II: O sujeito
eclesial: Cidadãos, discípulos missionários
II.1. O cristão como sujeito
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Como criatura, o cristão herda e radicaliza sua universalidade e noção
de sujeito dentro da comunidade, ajudando na salvação de todos os povos.
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Ele não vive isolado e sem equilíbrio, mas numa organização comunitária
sempre nova, superando o individualismo egoísta, sendo sempre homem novo.
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O leigo cristão deve ser sujeito maduro na fé, que adere ao projeto de
Jesus e se identifica com Ele sob a ação do Espírito Santo, sendo indivíduo
capaz de afeto e amor com responsabilidade.
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No seu crescimento espiritual, psicológico e intelectual, consegue
compreender e ter maior aprofundamento no compromisso de fé e no entendimento
da realidade.
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O papa Francisco fala da tristeza individualista que brota dos corações
mesquinhos e da “consciência isolada”.
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É necessário abertura para o outro, diferente de um opcional, mas
condição de realização humana.
II.2. O sujeito eclesial e a
cidadania
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Ter direitos plenos significa ter um rosto cidadão e ser responsável na
realização da Nação, encarnando ali o mistério da Encarnação e ação missionária
da Igreja.
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Deus, em Jesus, desce e entra no mundo e em nossa existência e história.
Assim deve fazer o leigo, construindo um mundo mais humano e se humanizando.
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Concluímos que eclesialidade e cidadania andam juntas. Podemos dizer que
a construção de ambas constitui um só e único movimento.
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Não podemos cair no fechamento comunitário, no comunitarismo, não
levando em conta o aspecto da cidadania do ser cristão no munda da política e
da sociedade cível, caindo no intimismo.
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Agindo desta forma, o leigo deixa de ser sal, luz e fermento no mundo.
Deixa de somar com os outros cidadãos de boa vontade na construção da cidadania
para todos.
II.2.1. O cristão é um cidadão do
Reino de Deus
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Construindo cidadania, o cristão ultrapassa fronteiras para servir como
Jesus e salvar a humanidade, atuando na sociedade humana que precisa ser
renovada. Em todas essas realidades Deus está presente.
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Através dos leigos a Igreja expande o Reino de Deus sobe a terra e
procura superar a idolatria do dinheiro, pois a lógica do Reino de Deus é o
serviço da vida plena para todos.
II.2.2. Rumo a uma noção integral do
sujeito cristão
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Temos que superar a distância entre fé e vida, pois tudo, menos o
pecado, pode ser mediação do amor de Deus.
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Superar a distância entre Igreja e mundo, pois a Igreja está
comprometida com o mundo, como sinal do amor de Deus.
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Superar a distância entre identidade cristã e ecumenismo, tendo o
diálogo como uma necessidade da Igreja.
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Não superando tudo isto, podemos cair no comodismo, na indiferença e até
de incoerência de cidadão no mundo.
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O cristão nunca pode ser visto isoladamente, mas inserido no mundo e
comprometido com sua transformação.
II.3. Natureza e missão dos cristãos
leigos e leigas
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A LG define o leigo como cristão comprometido, mas que não tenha
recebido o Sacramento da Ordem sacra e nem é religioso.
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Sua natureza é de participação no múnus sacerdotal, profético e régio de
Cristo, como missão na Igreja e no mundo.
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Assim, o leigo é Igreja e não apenas pertence a ela, formando com todos
os cristãos um só corpo de Cristo (Rm 12,5).
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A dignidade do cristão não vem dos serviços e ministérios, mas da
incorporação que acontece no batismo.
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Daí nasce a vocação universal à santidade, mesmo que nem todos sejam
chamados para determinados ministérios.
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O Papa Francisco diz que um excessivo clericalismo impede maior participação
do leigo na Igreja.
II.3.1. A necessária experiência de
Deus: saborear a amizade e a mensagem de Jesus
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Uma boa formação impede o leigo da tentação de uma espiritualidade
intimista e individualista.
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Seu caminhar deve ter inspiração de fé e sentido de amor cristão,
fundamentado na Palavra, nos Sacramentos e na Oração.
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Apoiado na comunhão com a Trindade sabe agir numa realidade de
diversidade e de unidade.
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A cruz indica o rumo de vida do cristão, como condição de superação de
todos os sofrimentos na caminhada.
II.3.2. O sacerdócio comum e a missão
solidária dos cristãos
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É condição do Povo de Deus viver a dignidade e a liberdade, para amar
como Cristo nos amou (Jo 13,34).
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Todos os batizados são consagrados para ser casa espiritual, sacerdócio
santo,superar as trevas e viver na luz.
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Só assim conseguirão viver como hóstias vivas, santas e agradáveis a
Deus para dar testemunho de Cristo (Rm 12,1).
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O sacerdócio comum vive da graça batismal, vida de fé, de esperança e
caridade, vida segundo o Espírito.
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O sacerdócio ministerial está a serviço do sacerdócio comum e ajuda no
desenvolvimento da graça batismal.
II.3.3. Discípulos missionários
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A comunhão das Igrejas particulares deve fazer com que elas sejam
missionárias, superando limitações e tensões.
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No trabalho missionário, Jesus Cristo seja encontrado, seguido, amado,
adorado e anunciado (DAp 14).
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Tudo isto na vivência da Palavra, na Liturgia, na comunhão fraterna e no
serviço aos mais pobres (DAp 516).
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Ser discípulo missionário na massa, valorizando sua religiosidade
popular, expressando a dimensão carismática da Igreja.
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O povo das periferias precisa sentir a proximidade da Igreja, dando-lhe
esperança na prática da justiça e da paz.
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São destinatários também da ação da Igreja os distantes e os campos socioculturais
entendidos como novos areópagos.
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Tudo isto supõe que a paróquia se organize como comunidade de
comunidades, lugar de ação concreta.
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É fundamental a formação permanente em todas as estruturas eclesiais,
formando senso crítico e compaixão pelo outro.
II.4. A Igreja comunhão de
diversidades
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A unidade que acontece na diversidade depende da liberdade, da
responsabilidade e da criatividade, tendo a primazia do amor.
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Ela deve integrar as diversidades e postura de serviço de todos os que
exercem alguma função dentro da comunidade.
II.4.1. A Igreja, Corpo de Cristo na
história
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Os cristãos são chamados a ser os olhos, as mãos, a boca e o coração de
Cristo no mundo, sinais e instrumentos de ação.
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Na diversidade da missão na comunidade, nos membros e nas funções está a
dinamicidade da presença de Cristo na Igreja.
II.4.2. A Igreja, Povo de Deus
peregrino e evangelizador
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O chamado de Deus começa com Abraão, quando Ele se dirige a uma pessoa
concreta, tendo em vista um serviço ao povo.
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Judeus e gentios são convocados por Cristo para aceitar o batismo e se
tornarem agora povo de Deus (I Pd 2,9-10).
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O chamado de Deus fez-se no respeito da complexa trama de relações
interpessoais que a vida comunitária supõe (EG 113).
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Toda a Igreja é sujeita da evangelização, onde as pessoas devem ser
acolhidas, amadas, perdoadas e animadas (EG 114).
II.4.3. Carismas e ministérios na
Igreja
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Os dons e carismas, doados pelo Espírito, são uma forma de santificar e
guiar a Igreja.
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A diversidade de dons possibilita ação criativa da Igreja aos desafios
de cada momento histórico.
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O Vaticano II afirma que os ministérios são dons distribuídos à Igreja
na diversidade de membros e funções.
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Todo ministério é um carisma, dom de Deus. Mas nem todo carisma é um
ministério.
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Há forte tendência hoje de enfraquecer e banalizar os ministérios e de
obscurecer a índole própria dos leigos.
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Temos os ministérios instituídos, leitor e acólito, só a homens. E os
confiados, da Palavra, animadores, a homens e mulheres.
II.4.4. A complementariedade dos
serviços e ministérios
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Só o Espírito pode suscitar a diversidade, a pluralidade, a
multiplicidade e, ao mesmo tempo, realizar a unidade.
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A diversidade não é fechamento em particularismos e a unidade não é
imposição de uma uniformidade.
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Em tudo, o leigo não pode ser colaborador do clero, mas pessoa realmente
corresponsável no ser e no agir da Igreja.
II.5. A Igreja na sociedade
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A grandeza maior é o Reino de Deus, e a Igreja, com toda sua riqueza de
diversidade, deve estar a serviço dele.
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Como sinal e promotora do Reino, a Igreja deve organizar suas
estruturas, funções e serviços.
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O Reino está presente no mundo e é ali que a Igreja deve oferecer seu
serviço como testemunho de fé e amor.
II.5.1. As tentações do clericalismo
e do laicismo
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Clericalismo e laicismo deformam a atuação do leigo, tanto na Igreja
como no mundo.
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É preciso distinguir clero de clericalismo; laicidade de laicismo, onde
um é a missão e o outro é usurpação de uma prática.
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Na AL sempre houve o risco do clericalismo, como diz o papa Francisco,
com a cumplicidade, sacerdote clericalizando leigo.
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É mais cômodo para o leigo ser clericalizado porque ele fica protegido
pela estrutura e deixa de ser fermento na massa.
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O laicismo leva ao individualismo, perdendo a fonte da Palavra, dos
Sacramentos e da comunidade. Deixa de ser evangelizador.
II.5.2. A Igreja encarnada no
mundo
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Para isto ela tem que ser servidora e dialogante, sem exercer poder
sobre o mundo, mas construtora do Reino de Deus.
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A presença do leigo no mundo deve ser a presença de Deus nos ambientes
fazendo o bem, em nome da fé.
II.5.3. Uma Igreja “em saída”
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A Igreja e o mundo são realidades diversas, mas unidas, construindo paz
e concórdia, no único Povo de Deus.
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Papa Francisco: Igreja como mãe de coração aberto. Casa paterna e onde
há lugar para todos em sua vida fadigosa.
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A Igreja não é o centro, Cristo é o centro. Ele é a luz do mundo, a luz
dos povos, e a Igreja está a seu serviço, em saída.
II.5.4. Uma Igreja pobre, para os
pobres e com os pobres
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Os pobres são os destinatários privilegiados do Evangelho, lugar
preferencial do coração de Deus.
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Os pobres revelam um rosto sofredor que dói em nós. São: sem abrigo,
refugiados, negros, idosos, mulheres, nascituros etc.
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A Igreja deve sempre renovar seu compromisso evangelizador com eles,
para libertá-los.
II.5.5. Uma Igreja do serviço, da
escuta e do diálogo
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É preciso construir uma cultura do encontro, sem fechamento, mas que
gera compromisso com o bem comum.
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É postura aberta e disponível, que defende a humildade social, com um
diálogo que se estende a todos os níveis da cultura.
II.5.6. A ação dos cristãos leigos:
“sal da terra, luz do mundo e fermento na massa”
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A índole secular caracteriza todos os leigos, pois vivem nas condições
ordinárias da família e da vida social.
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Nas funções temporais, os leigos contribuem, em seu espírito evangélico,
para a santificação do mundo.
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Eles devem ter inserção profunda e participação ativa na vida normal da
comunidade e ser protagonistas da evangelização.
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Devem construir uma nova globalização: a da inclusão, da cidadania e do
amor.
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Em tudo, seguir o papa Francisco: “ninguém pode sentir-se esmerado da
preocupação dos pobres e pela justiça social”.
CAP III: A ação
transformadora na Igreja e no mundo
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Todo cristão é chamado a ser autêntico sujeito eclesial, consciente de
sua condição de ação na Igreja e no mundo.
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A ação da Igreja deve ser planejada e direcionada para fora de si mesma
para testemunhar o amor de Deus.
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A Igreja deve agir com ética e com competência cidadã com a ação
profissional de seus membros.
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Agir com inserção na vida social com organização grupal, planejamento e
militância nas pastorais sociais.
III.1. Significados e critérios da
ação do sujeito cristão na Igreja e no mundo
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O mundo será sempre um desafio para a ação do sujeito eclesial no
serviço de todos, de modo particular os pobres.
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A ação deve ser local como sinal de Cristo, dentro das urgências e
estratégias para atingir seus objetivos.
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A ação acontece por mandato do Senhor, promovendo a cultura do encontro
e a inclusão do outro na vivência da fraternidade.
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Na ação, levar em conta o tempo e o espaço, a unidade e o conflito, a
realidade e a ideia, o todo e a parte.
III.2. A organização do laicato
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O leigo deve ser autêntico sujeito eclesial e social, porque ninguém
vive sozinho, mas no caminho da socialização.
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A união de forças facilita um apostolado com mais eficiência e capaz de
produzir bons frutos.
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É direito dos leigos fundarem grupos de índole própria e com autonomia
na sua gestão.
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Uma ação que pode ser fortalecida através dos conselhos onde são
colocados em prática os diversos carismas.
III.3. Presença, organização e
articulação dos leigos no Brasil
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Surgiram as irmandades, confrarias e associações com dimensão mais
espiritual ou de assistência, conduzidos pelo clero.
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Em 1935 foi oficializada no Brasil a Ação Católica Geral. Mais tarde a
Ação Católica Especializada (JAC, JEC, JIC, JOC, JUC).
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Após o Vaticano II os leigos descobriram que sua ação decorre do batismo
e não de um mandato do bispo.
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Isto significa superar os velhos esquemas da cristandade e assumir uma
ação dinâmica dos próprios carismas.
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As CEBs passaram a ser espaço privilegiado e majoritário de participação
dos leigos em comunhão com seus pastores.
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Os Encontros Intereclesiais são uma expressão de comunhão e de
compromisso das CEBs com a pastoral da Igreja.
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Também as pastorais sociais são outro espaço de atuação dos leigos
comprometidos com a ação transformadora da Igreja.
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No âmbito da juventude destacamos a atuação do jovem no meio popular e
nas diversas pastorais de juventude.
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Destaque também quanto à participação do leigo nos diversos conselhos e
outras organizações laicais.
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Em relação a políticas públicas, o leigo é chamado a atuar no campo da
política, da economia e da cultura do país.
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Temos o campo dos movimentos, das novas comunidades, como novas formas
de atuação laical.
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Em tudo isto, é fundamental uma boa formação no nível de pastoral
orgânica para uma evangelização com mais eficiência.
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Palavras chaves: autonomia, universalidade, carisma, identidade, norma
de vida, espiritualidade e experiência individual.
III.4. A formação do laicato
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Sem uma boa formação permanente dos leigos, o sujeito eclesial corre o
risco de estagnar-se em sua caminhada eclesial.
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Uma formação que seja humana, teológica, espiritual e pastoral na
dimensão do sujeito eclesial e de sua integridade.
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Isto tem que começar pela iniciação à vida cristã e continuar com a
formação bíblico-catequética e outras áreas específicas.
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Uma formação que desperte alegria, compromisso e paixão pela causa e
para uma Igreja “em saída”.
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Formação: integral, fundamentada na Palavra de Deus, missionária e
inculturada, articuladora, prática, dialogante, específica, permanente,
atualizada e planejada.
III.5. Alguns
indicativos de ações pastorais
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Ter consciência da identidade, da vocação, da espiritualidade e da
missão, assumindo o batismo como testemunha do Evangelho.
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Seguir um projeto: objetivo, com formação básica, com aprimoramento,
presença leiga e diálogo com o diferente.
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Os leigos dever ser: estimulados e apoiados, impulsionados,
incentivados, animados e acompanhados.
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Tudo depende de envolvimento de toda a Igreja, principalmente da diocese
e das paróquias e suas pastorais.
Síntese feita por
Dom Paulo Mendes
Peixoto.
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