Em quem você vai votar? Seg, 27 de Agosto de 2012 por:
cnbb
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo (SP)
Arcebispo de São Paulo (SP)
Com os programas eleitorais pelo rádio e a TV,
inicia a fase decisiva na campanha eleitoral para as eleições municipais de
2012. É a hora de conhecer melhor os candidatos, os programas e propostas de
seus partidos e de fazer o discernimento para a escolha dos candidatos.
Estas eleições são importantes e merecem toda a
atenção, pois nos municípios está a base da vida política nacional: ali está o
povo que vota; vereadores e prefeitos darão, depois, o apoio aos candidatos a
deputados estaduais, federais e governadores e à própria escolha do mandatário
supremo do país. Sua importância maior, porém, está na gestão do poder local:
escolher bem o prefeito e os vereadores é fundamental para a comunidade
municipal.
Os candidatos farão a sua parte, nessas próximas
semanas, para se apresentarem aos eleitores e para obter o seu voto. Também os
eleitores deverão fazer a sua parte; vale a pena recordar alguns critérios para
acompanhar a campanha eleitoral e para discernir sobre as escolhas a fazer.
Abster-se de toda informação, votando em branco, ou escolhendo apenas na última
hora não seria a coisa mais aconselhável.
É fundamental o conhecimento dos candidatos, sua
história pessoal e seu preparo para assumir o cargo que pretendem exercer. E é
necessário conhecer suas propostas e as de seus partidos, para avaliar se elas
levam em conta as reais necessidades da população e do município. O Legislativo
e Executivo municipal devem estar atentos às grandes questões que interessam à
vida da cidade: educação, saúde, segurança pública, transporte, habitação,
cuidado do meio ambiente, limpeza pública, saneamento básico; atenção especial
merecem os pobres e as camadas sociais mais vulneráveis da cidade. Propostas
com soluções mirabolantes e irreais devem receber a desconfiança do eleitor.
Infelizmente, a campanha eleitoral tem mostrado,
com frequência, maior preocupação dos candidatos em “demolir” os adversários do
que em apresentar aos eleitores propostas de governo dignas de fé e adequadas
para o exercício do mandato pretendido. Os eleitores têm o direito de cobrar
propostas dos candidatos e de esperar que eles estejam atentos às necessidades
das comunidades locais.
Os bons políticos não podem estar atrelados apenas
ao interesse de algum grupo, mas comprometidos com a promoção do bem comum. É
necessário desconfiar de quem pede o voto, mas, depois de eleito, nunca mais se
interessa pelas necessidades da população, em geral, e fica apenas a serviço de
algum grupo de interesse. Nesse particular, vale a pena avaliar o desempenho
político de quem pede para ser reeleito.
A corrupção na vida política é um grande mal e deve
merecer uma atenção especial dos eleitores; a eleição é a grande chance de
manter longe do poder quem não tem “ficha limpa”, ou já esteve envolvido em
desonestidade, ou tem histórias pouco claras na gestão do poder público. Mais
uma vez, é preciso conhecer os candidatos e conferir: ficha limpa e “cheia” de
credibilidade...
A corrupção política pode começar na própria
campanha eleitoral, quando há o abuso do poder econômico, ou se o candidato
tenta “comprar” o voto dos eleitores, em troca de pequenos benefícios. Mas
também os eleitores não devem “vender” seu voto, nem trocá-lo por favores, mas
votar com liberdade e responsabilidade; o voto representa a dignidade pessoal,
que nenhum preço paga. A compra de votos e outras formas de pressão sobre o
eleitor devem ser denunciadas, com base na lei 9.840, como “crimes eleitorais”,
cuja pena pode levar à perda do mandato.
Religião e política devem ficar distantes? Depende.
O critério religioso não deve ser o mais importante; trata-se de escolher
pessoas honestas e dignas, capazes de governar e legislar. Mas é bom verificar,
se os candidatos respeitam a liberdade de consciência, as convicções religiosas
e morais dos cidadãos, seus símbolos religiosos e a livre manifestação da fé;
não vote em quem vai criar depois, de alguma forma, problemas para esses
direitos. E apoie candidatos que protejam e amparem a família diante das
ameaças à sua identidade e missão natural. A cidade que descuida ou abandona a
família herdará muitos problemas.
FONTE:www.cnbb.org.br/site/articulistas/cardeal-odilo-pedro-scherer
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