"Jesus convida-nos a mudar a nossa mentalidade e passar da ambição do poder à alegria de se ocultar e servir"
Antoine
Mekary - Aleteia
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A figura
apresentada pelo Profeta Isaías do Servo do Senhor que suporta a marginalização
e o sofrimento até à morte para resgatar e salvar multidões foi o ponto de
partida da reflexão do Santo Padre.
Jesus –
observou o Papa – é um personagem “que não se gaba de genealogias
ilustres; mas desprezado, evitado por todos, sabe o que é sofrer. Não se lhe
atribuem empreendimentos grandiosos nem discursos célebres, mas realiza o plano
de Deus através duma presença humilde e silenciosa, através do seu sofrimento”.
Este
sofrimento – explicou o Papa – que lhe permite “compreender os que sofrem,
carregar o fardo das culpas alheias e expiá-las”.
Jesus, é o
Servo do Senhor, “a sua existência e a sua morte foram vividas inteiramente sob
a forma serviço”. Mas Tiago e João, citados na narração de Marcos, “reivindicam
lugares de honra de acordo com a própria visão hierárquica do reino”, ainda
estão inclinados por “sonhos de realização terrena”. E Jesus – disse o Papa –
recorda a eles que deverão beber o mesmo cálice que ele bebe: "Com esta
imagem do cálice, Ele assegura aos dois discípulos a possibilidade de serem
associados plenamente ao seu destino de sofrimento, mas sem garantir os
desejados lugares de honra. A sua resposta é um convite a segui-Lo pelo caminho
do amor e do serviço, rejeitando a tentação mundana de querer sobressair e mandar
nos outros”.
Os
discípulos – recordou o Papa, referindo-se ao Evangelho do dia – são chamados a
servir, a exemplo de seu Mestre, afastando-se da luta para obter poder e
sucesso. Jesus, ao dizer “quem quiser ser grande entre vós, faça-se vosso
servo”, indica “o serviço como estilo da autoridade na comunidade cristã”.
“Quem
serve os outros e não goza efetivamente de prestígio, exerce a verdadeira
autoridade na Igreja. Jesus convida-nos a mudar a nossa mentalidade e passar da
ambição do poder à alegria de se ocultar e servir; desarraigar o instinto de
domínio sobre os outros e exercer a virtude da humildade”.
Após
apresentar aos discípulos o modelo a não ser imitado, Jesus oferece a si mesmo
como ideal de sofrimento: “Pois o Filho do homem não veio para ser servido, mas
para servir e dar a sua vida em resgate de muitos”. “Jesus enche de novo
sentido esta imagem – disse o Papa – especificando que Ele tem a soberania
enquanto servo, a glória enquanto capaz de abaixamento, a autoridade real
enquanto disponível ao dom total da vida”:
“Há
incompatibilidade entre uma forma de conceber o poder segundo critérios
mundanos e o serviço humilde que deveria caracterizar a autoridade segundo o
ensinamento e o exemplo de Jesus; incompatibilidade entre ambições e carreirismo
e o seguimento de Cristo; incompatibilidade entre honras, sucesso, fama,
triunfos terrenos e a lógica de Cristo crucificado”.
E pelo
contrário – precisou o Santo Padre – “há compatibilidade entre Jesus, que sabe
o que é sofrer, e o nosso sofrimento”. Jesus, de fato, “exerce essencialmente
um sacerdócio de misericórdia e compaixão”. Por ter experimentado diretamente
as nossas dificuldades, “conhece a partir de dentro a nossa condição humana”. E
o fato de ele não ter experimentado o pecado – explica o Papa – “não o impede
de compreender os pecadores”:
“A sua
glória não é a da ambição ou da sede de domínio, mas a glória de amar os
homens, assumir e compartilhar a sua fraqueza e oferecer-lhes a graça que cura,
acompanhar, com ternura infinita, o seu caminho atribulado”.
Nós todos,
enquanto batizados – prosseguiu o Papa – participamos no sacerdócio de Cristo:
“os fieis leigos no sacerdócio comum, os sacerdotes no sacerdócio ministerial”,
de forma que todos “podemos receber a caridade que brota de seu coração aberto”,
tornando-nos “canais do seu amor, da sua compaixão, especialmente para aqueles
que vivem no sofrimento, na angústia, no desânimo e na solidão”.
O Santo
Padre, então, recorda que os novos Santos “serviram constantemente, com
humildade e caridade extraordinárias, imitando assim o Mestre divino”, citando
São Vicente Grossi, “pároco zeloso, sempre atento às necessidades do seu povo,
especialmente à fragilidade dos jovens” e tornando-se “um bom samaritano para
os mais necessitados”.
Também
Santa Maria da Imaculada Conceição, que “serviu pessoalmente, com grande
humildade, os últimos, com uma atenção especial aos filhos dos pobres e aos
doentes”, e por fim, os Pais de Santa Teresa de Lisieux.
“Os Santos
esposos Ludovico Martin e Maria Azelia Guérin viveram o serviço cristão na
família, construindo dia após dia um ambiente cheio de fé e amor; e, neste
clima, germinaram as vocações das filhas, nomeadamente a de Santa Teresinha do
Menino Jesus”.
Que “o
testemunho luminoso destes novos Santos – concluiu o Papa – impele-nos a
perseverar no caminho dum serviço alegre aos irmãos” e que “eles, do Céu, velem
sobre nós e nos apoiem com a sua poderosa intercessão”.
(Com Rádio Vaticano)
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