FONTE: CNBB (SEGUNDA, 25 MAIO 2015
13:06)
“Dom
Romero, que construiu a paz com o poder do amor, deu testemunho da fé com sua
vida entregue ao extremo”, disse o papa Francisco em carta enviada ao arcebispo
de São Salvador e presidente da Conferência Episcopal de El Salvador, dom José
Luís Escobar, por ocasião da beatificação de dom Oscar Arnulfo Romero Galdámez.
A missa de beatificação, celebrada na Praça do Divino Salvador do Mundo, no
último domingo, 24, reuniu mais de 250 mil fiéis, e foi presidida pelo
representante do papa Francisco, cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação
para as Causas dos Santos.
De
acordo com o papa, dom Oscar Romero, que foi pastor da arquidiocese de São
Salvador, de 1977 a 1980, “soube guiar, defender e proteger seu rebanho,
em tempos de difícil convivência, permanecendo fiel ao Evangelho e em comunhão
com toda a Igreja”.
Francisco disse que o ministério de dom Romero se
distinguiu pela particular atenção aos mais pobres e marginalizados. “No momento
de sua morte, enquanto celebrava o Santo Sacrifício do amor e da reconciliação,
recebeu a graça de identificar-se plenamente com Aquele que deu a vida por suas
ovelhas”, acrescentou na mensagem.
Para
Francisco, a voz do novo beato continua a ressoar hoje para recordar que a
Igreja é família de Deus, na qual não pode haver divisões. “A fé em Jesus
Cristo, quando se entende bem e se assume até as últimas consequências, gera
comunidade artífices da paz e da solidariedade. A isto é chamada hoje a Igreja
em El Salvador, na América e no mundo inteiro: a ser rica em misericórdia, a
tornar-se fermento de reconciliação na sociedade”, afirmou.
Ao
final da carta, o papa Francisco falou que este é um momento favorável para a
reconciliação nacional diante dos desafios atuais. “O papa participa de suas
esperanças, une-se a suas orações para que floresça a semente do martírio e se
enraízem pelos verdadeiros caminhos para os filhos e filhas desta Nação, que
orgulhosamente leva o nome do divino Salvador do mundo”, disse.
A
festa litúrgica do novo beato será em 24 de março, dia em que dom Romero foi
assassinado por um franco-atirador, em 1980, ao celebrar missa na capela do
Hospital da Divina Providência, em São Salvador, em meio a doentes e
enfermeiros.
História
Dom
Romero nasceu em 15 de agosto de 1917, em Ciudad Barrios, em El Salvador. Foi
para o seminário aos 13 anos. Concluiu o curso de Teologia em Roma, quando
tinha 20 anos. Sua ordenação sacerdotal aconteceu em 1943.
De
volta ao seu país, o então pároco já demonstrava os sinais da caridade e
preferência pelos mais necessitados. Fazia parte de sua rotina as visitas aos
doentes, as ajudas aos pobres que se dirigiam à casa paroquial pedindo auxílio,
as aulas de religião nas escolas e a atuação como capelão do presídio.
Assim
como no Brasil e em outros países latino-americanos, El Salvador enfrentava, na
década de 1970, um regime ditatorial. Neste contexto, em 1977, Romero foi
nomeado arcebispo do país, dois anos antes do golpe militar que deu origem à
guerra civil que assolou El Salvador por mais de uma década e fez milhares de
vítimas.
O
arcebispo denunciava a injustiça e a miséria na região. Durante os conflitos
entre grupos revolucionários e militares, ele criticava a atuação do governo,
as injustiças e as interferências estrangeiras.
IMAGEM: HTTP://WWW.BEATIFICACIONROMERO.ORG/
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