segunda-feira, 29 de junho de 2015

Óbolo de São Pedro, solenidade

Cardeal Orani João TempestaArcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
Na Solenidade de São Pedro e São Paulo, neste ano antecipada no Brasil para o dia 28 de junho, a Igreja realiza uma coleta denominada óbolo de São Pedro, destinada às necessidades da Igreja Universal, cujo cuidado afeta prioritariamente aquele com quem todos estamos em comunhão, a quem foi conferida a missão de confirmar os seus irmãos. Com efeito, Jesus disse a Pedro: “E tu, uma vez convertido, confirma teus irmãos” (Lc. 22,32).
A prática da caridade, mandamento máximo do Senhor, tem diversas formas de expressão do coração que vê, no próximo, no seu irmão a sua angústia e a sua necessidade, como no exemplo que Jesus nos deixou na parábola do Bom Samaritano e na expressão de sua própria vida: “Tenho pena deste povo que há tantos dias me segue”, e no gesto supremo de dar a Sua própria vida.

Lemos nos Atos dos Apóstolos e nas epístolas paulinas o empenho daquelas primeiras comunidades, lideradas por Paulo, pela Igreja de Jerusalém, que passava por grandes dificuldades. O Papa Emérito Bento XVI, falando, na sua Encíclica sobre o amor, assim ensina: “A Igreja nunca poderá ser dispensada da prática da caridade enquanto atividade organizada dos crentes, como, aliás, nunca haverá uma situação onde não seja preciso a caridade de cada um dos indivíduos cristãos, porque o homem, além da justiça, tem e terá sempre necessidade do amor” (Cf. n.º 29).
Hoje, igualmente, muitas das Igrejas particulares espalhadas pelo mundo sofrem, como outrora, grandes necessidades. São irmãos nossos que estão como aquele homem da parábola citada, lançados à beira da estrada. Precisam de que lhes ministrem a palavra do Evangelho, o pão da Eucaristia e o pão material. A obra missionária, sacerdotes e leigos que deixam tudo para levar a fé, precisam de nosso amparo. A pobreza clama por nosso amor!
O óbolo de São Pedro é destinado à prática dessa caridade e, também, a de mantermos os serviços universais da Igreja. Como instituição visível ela tem de se manter, de conservar toda a obra evangelizadora construída através dos séculos por nossos irmãos que já se foram, e por nós mesmos, e que expressam nossa fé, o culto, os templos, os lugares santificados. São João Paulo II assim expressou-se, falando aos participantes do Círculo de São Pedro, em 28 de fevereiro de 2003: “O Óbolo constitui uma verdadeira e particular participação na ação evangelizadora, especialmente se se consideram o sentido e a importância de partilhar concretamente as solicitudes da Igreja universal”.
A prática desta espórtula coletiva nasceu da iniciativa de anglo-saxões no século VIII para que, na unidade da Igreja sob o Papa, pudesse ela manter-se e cumprir também, organizadamente, sua missão. Rapidamente se espalhou pelos demais países da Europa. Como outras semelhantes, passou por muitas vicissitudes diversas ao longo dos séculos, até que foi consagrada pelo Papa Pio IX através da sua Encíclica Saepe venerabilis, de 5 de Agosto de 1871. Paulatinamente tornou-se obrigatória na destinação de todas as coletas da Festa de São Pedro, como envio do óbolo para o Santo Padre atender as necessidades da Igreja Católica que peregrina em todo mundo. Vale ressaltar que os párocos devem enviar a coleta na sua totalidade e não uma pequena parte simbólica.
São Paulo, dirigindo-se aos Coríntios (2Cor. 9,7) nos exorta: “Que cada um dê conforme decidiu em seu coração, não com tristeza ou por obrigação, pois Deus ama a quem dá com alegria”. Pertencemos a uma comunidade que crê, que vive a sua fé na união fraterna da caridade e que recebeu de Deus a missão de levar a Boa Nova ao mundo. Dentro desta conscientização, devem ser recebidas com alegria todas as iniciativas e atividades que nos levem a vivê-la.
As comemorações de São Pedro e de São Paulo são momentos propícios para esta reflexão e decisão de nos integrar nas iniciativas eclesiais para o exercício de sua missão. Pedro e Paulo, colunas mestras da Igreja, entregaram-se de corpo e alma ao anúncio da fé e estabeleceram os fundamentos da Igreja visível para que continuasse seus trabalhos, que irradiavam sua paixão pelo Mestre.
A primeira forma de contribuir é participar das celebrações em honra dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, dedicando suas orações pelo Santo Padre Francisco, por suas necessidades e por toda a Igreja de Cristo, sobretudo os mais necessitados da especial atenção, cuidados e auxílio fraterno do Sumo Pontífice, como ele mesmo disse: "aqueles que vivem na periferia" e precisam da solicitude pastoral do Sumo Pontífice. Isso renova espiritualmente o vínculo de fé, de esperança e de amor que nos une em Cristo.
A segunda forma de contribuir é mais efetiva e nos compromete diretamente através da oferta material que se faz no ofertório da Santa Missa em todas as celebrações realizadas na Solenidade dos Santos Apóstolos, desde o sábado ao meio dia até o domingo à noite. Nesse sentido, é muito importante colaborar generosamente com o "Óbolo de São Pedro", demonstrando assim nossa afetiva unidade com o serviço do Pastor Universal da Igreja de Cristo.
A terceira forma de contribuir é ajudar a divulgar o Óbolo de São Pedro, esclarecendo e orientando os que ainda não conhecem esta iniciativa e motivando os que já conhecem, mas não colaboram de modo efetivo. Vamos usar todos os meios de comunicação, particularmente, as redes sociais para lembrar e conscientizar os católicos de sua obrigação para com a ajuda ao Papa na sua caridade. É dar ao Papa a possibilidade de ajudar as pessoas e situações de necessidade espalhadas pelo mundo.
Agradeçamos, neste dia, o trabalho missionário de São Pedro e São Paulo e com eles glorifiquemos a Deus em nossas vidas. Assim sendo, colaboremos com generosidade na Coleta do Óbolo de São Pedro para que o Papa Francisco possa atender a sua solicitude pastoral.

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