sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Jesus de Nazaré



Ter, 11 de Dezembro de 2012 09:17 por: cnbb

Dom Murilo Krieger
Arcebispo de Salvador (BA)
Em 2002, ao completar 75 anos, o então Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Joseph Ratzinger, apresentou sua renúncia ao Papa João Paulo II, com quem havia trabalhado nas duas décadas anteriores. Em entrevistas, o Cardeal deixou claro que o principal motivo de seu pedido era poder concretizar um velho sonho: escrever um livro sobre Jesus de Nazaré, uma vez que, ao longo de sua vida, havia feito inúmeras anotações em vista desse objetivo.
João Paulo II não atendeu a seu pedido, deixando claro que desejava continuar contando com sua importante colaboração. Poucos anos depois, o Cardeal Ratzinger foi eleito Papa e escolheu o nome de Bento XVI. Tudo indicava, pois, que o sonho do livro jamais se realizaria. Ledo engano! Soube-se, de repente, que ele passou a dedicar o mês anual de férias para dar forma à pretendida obra.
Em 2007, quando foi publicado o livro “Jesus de Nazaré”, foi esclarecido: tratava-se apenas da primeira parte, abrangendo a vida de Jesus do Batismo no Jordão à Transfiguração. Depois de testemunhar, no Prefácio, que confiava nos Evangelhos, de afirmar que procurou ver Jesus “a partir de sua comunhão com o Pai”, já que aí está “o centro autêntico de sua personalidade”, e de adiantar que o livro em questão era expressão de sua procura pessoal “do rosto do Senhor” (cf. Sl 27,8), o Autor observou: “Quis tentar apresentar o Jesus dos Evangelhos como o Jesus real, como o ‘Jesus histórico´ no sentido autêntico”. Em seguida, fez uma curiosa observação: “Por não saber quanto tempo e força ainda me serão oferecidos, decidi publicar agora como primeira parte do livro os dez primeiros capítulos”.
Novas férias aconteceram e, quatro anos depois, foi editado o segundo volume, “Da entrada em Jerusalém até a Ressurreição”. Se o primeiro volume é belíssimo e atinge seu objetivo de “ajudar no crescimento de uma relação viva com Cristo” (Prefácio), o segundo é simplesmente emocionante e atinge a finalidade de ajudar a “compreender a figura de Jesus, sua palavra e suas ações” (Prefácio). No final da obra, Bento XVI lembra que “Jesus parte, abençoando. Abençoando, parte; e, na bênção, ele permanece. Suas mãos continuam estendidas sobre este mundo. As mãos abençoadoras de Cristo são como um teto que nos protege... Tal é a razão permanente da alegria cristã”.
O segundo volume, contudo, não cumpriu uma promessa feita no primeiro: “Com a segunda parte, espero, então, poder entregar o capítulo sobre as histórias da infância...” (Prefácio I), mas esclareceu: “Minha vontade é tentar permanecer fiel à minha promessa e apresentar mais um pequeno fascículo sobre tal argumento, se me for dada ainda força para isso” (Prefácio II).
Graças a Deus, Bento XVI teve força para isso! Assim, após as férias deste ano de 2012, entregou às editoras os originais do terceiro volume que, na verdade, é como que uma introdução aos dois outros. Já traduzido em cerca de 30 línguas e publicado em 80 países, as reflexões sobre “A Infância de Jesus”, em quatro capítulos, começam com a pergunta inesperada que Pilatos fez a Jesus: “De onde és tu?” Essa pergunta tem a ver com a profunda questão existencial do ser humano: “Quem sou eu?” Os temas do segundo capítulo são o anúncio a Zacarias do nascimento de João Batista e a anunciação de Maria. O terceiro capítulo gira em torno de Belém: Jesus “pertence a um tempo exatamente datável e a um ambiente geográfico exatamente indicado”.  No quarto capítulo, Bento XVI se debruça sobre os magos do Oriente e a fuga para o Egito, concluindo que eles representam não só as pessoas que encontraram o caminho para Cristo, mas “o movimento das religiões e da razão humana em direção a Cristo”. Trata-se de uma peregrinação que percorre toda a História.
A proximidade do Natal é um convite a nos debruçarmos sobre aquele que está no centro desta festa: Jesus de Nazaré. Para isso, contamos com as extraordinárias reflexões de Bento XVI em seus três livros, que são um belo presente de Natal para nós – ou para darmos a alguém...

Nenhum comentário:

Postar um comentário